Brasil é um dos 10 piores países do mundo para se trabalhar, mostra pesquisa
Diap, em 04 de julho de 2022
De acordo com o Índice Global de Direitos da ITUC-CSI (Confederação Internacional dos Trabalhadores), a situação dos trabalhadores brasileiros seguiu piorando em 2022, trajetória que começou com a aprovação da Reforma Trabalhista (Lei 13.467/17), pelo governo Michel Temer (MDB), após o golpe que derrubou Dilma Rousseff (PT).
“Desde a adoção da Lei 13.467, todo o sistema de negociação coletiva desmoronou no Brasil, com uma drástica diminuição de 45% no número de acordos coletivos concluídos”, mostra a pesquisa, que destaca ainda os impactos da pandemia entre os trabalhadores.
“A mão de obra, especialmente no setor de saúde e na indústria de carnes (frigorífica), teve que fazer frente às duras consequências da péssima gestão da pandemia de coronavírus por parte do presidente [Jair] Bolsonaro [PL], com a deterioração de suas condições de trabalho e o enfraquecimento das medidas de saúde e segurança”, complementa o texto.
Entre as violações no Brasil, a CSI reportou o corte de salários dos dirigentes sindicais que trabalham no banco Santander; a declaração de ilegalidade da greve dos metalúrgicos da General Motors, em São Bernardo do Campo; e a redução de benefícios e cortes de postos de trabalho da Nestlé, entre outros.
Nível recorde de violações
O Índice Global de Direitos divide os países em 5 faixas de classificação, de acordo com grau de respeito aos direitos dos trabalhadores e as violações encontradas no período analisado.
O Brasil ficou na faixa 5, a pior possível, que inclui países que não garantem direitos dos trabalhadores. A lista dos 10 piores inclui ainda Bangladesh, Belarus, Colômbia, Egito, Filipinas, Miamar, Guatemala e Suazilândia. A sexta faixa (5+) lista os países em que ocorreu ruptura do Estado de Direito no período, como Myanmar e Síria.
De acordo com o índice, as violações dos direitos trabalhistas alcançaram nível recorde no mundo entre abril de 2021 e março de 2022.
Os países da classificação 1, que registraram apenas violações esporádicas de direitos, incluem Alemanha, Itália, Áustria, Irlanda e os países nórdicos, Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia.
A pior região do mundo para os trabalhadores é o Oriente Médio e Norte da África, com classificação média de 4,53 pontos. Os conflitos na Líbia, Palestina, Síria e Yemen contribuem para esse cenário de enorme vulnerabilidade.
As américas são a segunda melhor região para trabalhar, com classificação média de 3,52, atrás apenas da Europa (2,49). Quanto mais alta (e mais próxima de 5) é a classificação, piores são as condições.
A CSI é entidade sindical global, com 308 organizações filiadas em 153 países e territórios nos 5 continentes, num total de 175 milhões de trabalhadores.