Saúde do professor: entendendo o estresse

O estresse pode ser entendido como uma reação natural do organismo, frente a uma situação de perigo, dando condições à sobrevivência do homem. Entender o estresse como um evento positivo é saber que devido às reações que o estresse produz temos a capacidade de estar alerta, ter ânimo, vigor, energia, produtividade, motivação e criatividade.

No entanto, não é possível ficar alerta o tempo todo, o organismo necessita de períodos de repouso para sua recuperação. É nesse sentido que o estresse pode ter um efeito muito negativo quando ocorre em excesso ou durante muito tempo. Uma vez que não há um período de recuperação depois de alguma fase de tensão, algumas doenças podem ocorrer levando o organismo ao esgotamento, ou seja, o estresse é negativo quando a pessoa esgota sua capacidade de adaptação e a qualidade de vida fica seriamente comprometida.

O estresse pode ser o responsável por algumas doenças, tais como, doenças gástricas e intestinais, alterações cardiovasculares e hipertensão arterial com conseqüências, às vezes mais graves, como o infarto do miocárdio, que recentemente vem afetando homens cada vez mais jovens e mulheres. Na grande maioria das vezes o estresse pode vir acompanhado de distúrbios psicológicos, como ansiedade e depressão.

Algumas pessoas estão mais susceptíveis do que outras para desenvolverem tais doenças em conseqüência do estresse prolongado, de acordo com o professor José Roberto Leite coordenador da Unidade de Medicina Comportamental da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), são os aspectos da personalidade, ou seja, o perfil psicológico de cada indivíduo que faz com que ele reaja de diferentes formas a uma determinada situação, ou acontecimento. Como exemplo, alguns indivíduos ficam extremamente irritados no trânsito, enquanto outros procuram se distrair e a situação para eles não é um fator estressante.

Fatores estressantes
Podemos considerar como fator estressante ruído excessivo, poluição, variações extremas de temperatura, problemas de nutrição, sobrecarga de trabalho, ou mesmo componentes emocionais, tais como frustração, ansiedade e perdas. Nesse sentido, o fator estressor pode ser um acontecimento, uma situação, uma pessoa ou um objeto capaz de proporcionar suficiente tensão emocional e induzir reação de estresse.

O professor José Roberto ressalta que na permanência destes fatores estressantes o organismo deixa de ter condições adequadas para retornar ao estado de equilíbrio, podendo entrar em sobrecarga e esgotamento e assim desenvolver certas doenças.

Para o tratamento do estresse a Universidade Federal de São Paulo oferece atendimento na Unidade de Medicina Comportamental. Neste setor são ensinadas algumas técnicas de relaxamento e meditação que ajudam a controlar as reações físicas do estresse, no entanto, do ponto de vista do tratamento clínico de indivíduos com sintomas de estresse, o objetivo deve ser mais amplo do que somente ensinar estas técnicas. De acordo com o Dr. José Roberto a pessoa deve aprender a criar estratégias de planejamento para alguns seguimentos da vida que precisam ser gerenciados. Este planejamento envolve aspectos de crescimento pessoal, físico, psicológico e espiritual como um elemento fundamental de desenvolvimento.

Identificar as causas
É fundamental identificar a causa, interpretar qual a situação ou acontecimento é um fator estressor. Em um primeiro momento o tratamento visa o controle das reações fisiológicas do estresse, a partir da prática de técnicas de respiração, relaxamento e meditação. No entanto, o indivíduo não nasceu para viver relaxado o tempo todo, sendo que o estado relaxado constante não é uma condição natural e por outro lado, também não é natural estarmos sempre tensos e estressados.

São nestes casos, que assim como o efeito de um medicamento as técnicas de relaxamento e respiração criam condições para adequar o funcionamento fisiológico do corpo dentro de um limite de normalidade favorecendo o desenvolvimento cognitivo, isto é, proporcionando ao indivíduo condições para aprender as estratégias para lidar com a situação ou acontecimento. Algumas técnicas como hipnose e imageria são utilizadas como recursos para este aprendizado e desenvolvimento.

Atividade docente
Em pesquisa que está sendo realizada no SINPRO-SP, pelas fisioterapeutas Liris Leite Wuo e Michelle Cristina Waitman, foi identificado alguns fatores estressantes em decorrência da atividade docente.

O professor enfrenta dificuldades de relacionamento com alunos e colegas de trabalho, pressão de diretores e coordenadores, baixa remuneração, pouca oportunidade de lazer e pratica de atividades físicas e esportivas nos finais de semana por conta do excesso das atividades pedagógicas na escola e correão de provas.

O acúmulo dessas atividades sobre a responsabilidade do professor é o principal fator estressante que está levando cada vez mais professores ao descontentamento, afastamento e nos casos mais graves abandono da profissão. O desempenho profissional afeta conseqüentemente sua vida pessoal, comprometendo a qualidade de vida de um modo geral.

Algumas estratégias podem ser adotadas para ensinar o professor a lidar com os aspectos estressantes de seu trabalho, podendo buscar auxilio nos serviços oferecidos pelo setor de Terapia Comportamental da UNIFESP, coordenado pelo Professor Dr. José Roberto Leite, e pelo atendimento das fisioterapeutas na sede do SINPRO-SP que oferece ao professor a oportunidade de aprender algumas técnicas de relaxamento e respiração.

Serviço:
Atendimento no SINPRO-SP
Fisioterapeutas Liris Leite Wuo e Michelle Cristina Waitman
Terças e quintas das 8:30 às 10:00
Quartas das 17:00 às 19:00

Prof. Dr. José Roberto Leite, livre docente UNIFESP, coordenador da Unidade de Medicina Comportamental e ciretor do Instituto de Medicina Comportamental
joseroberto@aol.com