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Inflação: dos números oficiais ao custo sentido no bolso

Atualizada em 21/02/2018 17:13

A inflação na nossa data base, 1o de março, deve ficar perto de 2,5%. O valor corresponde à média de três indicadores – ICV Dieese, INPC Ibge e IPC Fipe – acumulado de março/2017 a janeiro e uma projeção de 0,3% para fevereiro.

A média tem sido o critério historicamente adotado nas campanhas salariais dos professores para repor o poder de compra dos salários. Em 2018, a pauta de reivindicações dos professores propõe, além da reposição inflacionária, um aumento real correspondente à 50% da inflação calculada.

Os 2,5% correspondem a menos da metade da inflação apurada em março de 2017, que foi de 5,3%. De fato, houve uma queda acentuada nos últimos 12 meses, alguns deles, inclusive, com registro de deflação.

Mas os números divulgados mensalmente por institutos como Ibge, Fipe e Dieese nem sempre correspondem à sensação que temos no bolso ou quando o salário acaba muito antes do que o mês. É como se o nosso custo de vida subisse mais do que os índices de inflação.

O diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, explica que a inflação é calculada pela variação média de preços de determinados produtos que nem sempre correspondem aos hábitos de consumo de uma pessoa ou família.

Assim, o custo de vida de uma família depende, isso sim, da variação de preços dos bens e serviços que ela consome com frequência, mas que não entram na composição do cálculo da inflação. É preciso considerar também a oscilação de preços também varia de lugar para lugar. Por exemplo, uma cidade por ter reajustado a passagem de ônibus e outra não.

Além disso, um produto ou serviço pode ter encarecido muito e depois o preço se estabilizou ou caiu, mas não recuou aos níveis anteriores. Assim, embora o cálculo da inflação considere a queda no preço, o produto continua caro para o consumidor, o que reforça a sensação de perda no poder de compra.

Num didático artigo publicado pela Agência Sindical – Inflação e custo de vida: por que os números enganam? – o diretor do Dieese comenta o que levou à queda da inflação em 2017 e os problemas como queda na renda das famílias e os “preços administrados”, regulados pelo governo, como gás de botijão, gasolina, água, luz, que subiram bem acima da média.

De qualquer maneira, os diferentes indicadores de inflação oferecerem critérios objetivos na definição do reajuste salarial reivindicado nas rodadas de negociação.

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