Em São Paulo, manifestação contra o feminicídio será neste domingo, dia 7
Em resposta à escalada brutal da violência de gênero no Brasil, o movimento “Levante Mulheres Vivas” convocou atos simultâneos em diversas cidades do país. Em São Paulo, o ato será neste domingo, 7 de dezembro, às 14h, com concentração a partir do meio-dia no Vão Livre do MASP - Museu de Arte de São Paulo, na avenida Paulista.
A mobilização acontece diante de um cenário que já configura emergência nacional: dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) mostram que, somente em 2025, o Brasil ultrapassou mil vítimas de feminicídio — são quatro mulheres assassinadas por dia.
Segundo dados da Agência Brasil, apenas na cidade de São Paulo foram registrados 53 casos de feminicídio entre janeiro e outubro deste ano. O número já é o maior desde 2015, quando a série histórica foi iniciada. No estado, foram 207 casos no mesmo período.
Além das 53 ocorrências na capital, houve 101 registros no interior e 40 na região metropolitana. O total representa um aumento de 8% em relação ao ano passado, quando o estado somou 191 feminicídios entre janeiro e outubro. Os dados são da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) a partir de registros policiais em que o agravante de feminicídio foi incluído no boletim de ocorrência.
Feminicídio é o homicídio de uma mulher cometido em razão do seu gênero, caracterizado por violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação contra a condição feminina. É considerado a expressão máxima da violência de gênero e ocorre frequentemente como desfecho de um histórico de agressões, podendo ser motivado por ódio, inferiorização ou sentimento de posse sobre a vítima. No Brasil, é considerado um crime hediondo e, quando tipificado como qualificador do homicídio, a pena é de reclusão de 12 a 30 anos.
Importante destacar que a recente indignação coletiva se intensificou após a repercussão de crimes que chocaram o país. Um deles foi o assassinato da pesquisadora Catarina Karsten em Florianópolis (SC), morta por um homem de 21 anos enquanto caminhava na praia. Outro caso que gerou comoção foi o ataque cometido por um ex-servidor do Cefet Maracanã, no Rio de Janeiro, que tirou a vida da diretora Allane Pedrotti e da psicóloga Layse Costa Pinheiro, ambas servidoras da instituição. Também revoltaram o país as imagens que circularam nas redes mostrando o atropelamento de Tainara Souza Santos, arrastada por cerca de 1 km na Marginal Tietê, em São Paulo. Tainara teve as duas pernas amputadas e permanece internada em estado grave.
“O Brasil atravessa uma escalada brutal de agressões, ameaças e assassinatos de mulheres. A impunidade avança, o ódio se normaliza e grupos misóginos tentam rebaixar, desumanizar e atacar direitos conquistados com décadas de luta”, destaca o manifesto do movimento "Levante Mulheres Vivas”.
O SinproSP, no qual as mulheres representam cerca de 80% da categoria docente, reafirma sua preocupação e seu total repúdio ao aumento dos casos de agressão e feminicídios. O Sindicato não mede esforços para organizar e articular iniciativas que possam combater o agravamento das violências que as mulheres têm sofrido, em especial em sala de aula e em todos os espaços profissionais em que transitam.
Conheça aqui a série “Conhecer para combater”, que teve a violência contra a mulher como tema de lançamento, em 2024. No segundo volume da série, esclarecemos conceitos, orientações e procedimentos na prevenção, conscientização e enfrentamento do assédio moral e sexual no trabalho.