Desrespeito escancarado: mantenedoras insistem em retirar direitos
"Eles querem que a gente troque direitos que temos há muito tempo por outros que ameaçam retirar. É uma moeda de troca que, na prática, não tem valor algum. Mas nós não aceitaremos prejuízo, nenhum direito a menos aos professores do ensino superior", aponta Celso Napolitano, presidente do SinproSP, que relata as pressões do sindicato patronal pelo desmonte da Convenção Coletiva de Trabalho do Ensino Superior.
Entre as cláusulas ameaçadas estão conquistas importantes da categoria, como o plano de saúde, a bolsa de estudos para os docentes e seus dependentes e a garantia semestral de salários que, inclusive, foram confirmadas pelo próprio Tribunal do Trabalho, no dissídio coletivo de 2021. "E isso é só o começo. Olhando para o documento de ‘reivindicações do patronal’, são muitas as cláusulas em que estão indicadas alterações que só prejudicam o professor, que atacam não só os seus direitos trabalhistas e poder financeiro, mas o seu valor na formação de estudantes, profissionais e pesquisadores de todo o país. O desrespeito é escancarado, não há nenhuma vergonha por parte deles", inclui Napolitano.
O presidente do SinproSP relata que os interlocutores das mantenedoras das faculdades e universidades do ensino superior trouxeram para a mesa de negociação argumentos absurdos, como o de que concordar com um período maior de licença maternidade (60 dias), representaria um custo adicional de 13% na folha de pagamento das instituições. "Gostaria de saber que conta é essa, como chegaram a esse valor. Esses conglomerados vivem apregoando as suas "propostas educacionais" e se gabando dos lucros na Bolsa quando falam com a sociedade e com os seus acionistas, mas não se constrangem em apresentar argumentos descabidos e sem qualquer nexo, para se contrapor às reivindicações dos professores".
No dia 24 de abril, quinta-feira, 15h, os professores do Ensino Superior já têm encontro marcado na Assembleia que vai deliberar sobre o resultado das negociações. O SinproSP continua organizando visitas às instituições de ensino e um amplo trabalho de informação e mobilização. "Até lá teremos ainda mais duas rodadas de negociação. Queremos fazer essa discussão de maneira ampla. Para isso, organizem-se, convidem os colegas e as colegas para estarem na Assembleia e, juntos, defendermos nossa Convenção Coletiva", conclama Napolitano.