Ensino superior

Representação patronal do Superior tenta retirada da cláusula de hora-atividade

Atualizada em 31/03/2025 15:13

Professoras e professores do Ensino Superior recusaram a contraproposta patronal na assembleia do dia 27 de março, quinta-feira. O documento, que incluía também as “reivindicações” das instituições de ensino, foi resultado da última rodada de negociações, que teve sua última reunião na quarta, dia 26. Com presença significativa de professores, o clima da reunião foi marcado pela indignação dos docentes “dado o grau de perversidade e de truculência embutidos nas decisões das instituições  que compõem a comissão de negociação, em especial aqueles grupos mercantis que só visam o lucro”, conta Celso Napolitano, presidente do SinproSP e da Fepesp. 

“Só a comissão de negociação das mantenedoras tinha mais de 20 representantes, nós tivemos que estabelecer, no início das negociações, um regramento para que fosse definido apenas um porta-voz”, relata Napolitano. “Depois disso, começaram as maldades: em síntese, a nossa Convenção Coletiva está gravemente ameaçada por conta  da proposta de deteriorar cláusulas que são verdadeiras conquistas pela luta dos professores nos últimos 25 anos”. 

Vale lembrar que esta Convenção já sofreu ataques em 2021 e 2022, o que obrigou o Sindicato a recorrer ao Tribunal Regional do Trabalho e instaurar o Dissídio Coletivo com o risco, inclusive, de perda da Convenção como um todo. “À época, professoras e professores se mostraram valentes, decididos na manutenção da Convenção. Agora, é preciso que demonstremos a mesma disposição de luta, porque o ataque deste ano é avassalador”, reforça Napolitano. 

Mantenedoras do Ensino Superior querem tirar cláusula de hora-atividade

“Estão anunciando que farão, se não neste ano, no ano que vem com certeza. Por quê? Pasmem: dizem que todo o trabalho do professor, como planejamento de aula, elaboração de provas, exercícios e correção, hoje está sendo feito pelas ferramentas de inteligência artificial. Estes mantenedores consideram que o trabalho acadêmico do professor será substituído pela IA, e que o professor será contratado simplesmente para ‘dar aula’, para ‘despejar’ o conteúdo”, denuncia Celso Napolitano.

Para o presidente do Sinpro, que teve sua indignação compartilhada pelos docentes presentes, as mantenedoras querem submeter a categoria à desmoralização, além de sucatear a qualidade de ensino que é oferecida aos alunos. “O pior: representantes de escolas de instituições tradicionais não abrem a boca. Aliás, pela forma como não reagem, devem concordar com este tipo de avaliação”. 

Uma nova rodada de negociações está agendada para a próxima quarta-feira, 02 de abril. Celso reforça que, apesar do que parece ser uma perseguição aos professores do ensino superior, a categoria se mantém firme e unida pela manutenção dos seus direitos e conquistas.
 

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