SinproSP lança cartilha para o enfrentamento da violência contra a mulher
(*) Sandra Caballero, professora de História e de Sociologia e diretora do SinproSP
Há um senso comum, confirmado pelas pesquisas, de que a maioria dos docentes no Brasil são mulheres. Na educação básica, esse número chega a 79% de professoras.
Outro fato inquestionável é que, infelizmente, somos um país extremamente violento com as mulheres. Essa violência específica é o terceiro indicador mais registrado nas delegacias do Brasil. A cada quatro horas uma brasileira é vítima de algum tipo de agressão. São Paulo e Rio de Janeiro concentram 60% dos casos.
30% das mulheres já sofreram com a violência doméstica ou familiar. São mais de 60 mil casos por ano, sempre lembrando que há uma subnotificação, por conta da dificuldade de denunciar um companheiro, pai ou parente.
A naturalização dessa tragédia, numa sociedade extremamente machista e misógina como a nossa, é uma barreira tremenda para o seu enfrentamento. A inversão de papéis, em que a vítima se sente culpada pelos abusos que sofre, a pressão social que protege os agressores e a dificuldade das autoridades em oferecer atendimento adequado, dificulta a resolução tão necessária dessa verdadeira epidemia.
Pensado nesses números e na responsabilidade social de um sindicato de uma categoria majoritariamente feminina, o SinproSP, em parceria com a LBS – Advogados e Advogadas, lança a cartilha “Violência Contra a Mulher – Conhecer para Combater”.
A cartilha define o que é a violência específica contra a mulher nas suas diferentes modalidades: física, psicológica, moral, patrimonial, sexual, política, entre outras. Esclarece, também, sobre a interseccionalidade das violências, afinal, somos múltiplas, de diferentes etnias, gêneros, classes sociais, características físicas, militâncias, enfim, não há uma mulher, mas, todas sabem o que é sentir medo pelo simples fato de existir.
A preocupação com essas definições está no fato de que o primeiro passo no combate à violência é saber reconhecê-la. Nas suas formas mais dramáticas, o feminicídio ou estupro, às mais sutis, um comentário desabonador ou uma piada preconceituosa. Muitas vezes, as mulheres não denunciam e se submetem a situações violentas, por não conseguirem identificá-las. Saber que não estão sozinhas e que esse é um problema social e não individual, é fundamental para encontrar soluções.
Além de abrir o debate sobre uma série de questões que envolvem toda essa problemática, indicamos onde procurar ajuda, órgãos públicos e organizações não governamentais, há uma série de opções, para situações diversas, o importante é iniciar a busca de saídas para um relacionamento abusivo e denunciar pessoas físicas ou jurídicas para que elas sejam responsabilizadas pelos danos causados.
O que nos propomos é fazer um chamamento para que todos enfrentemos essa situação. A cartilha não visa atender apenas professoras, ela deve ser compartilhada com toda a sociedade, se tornar uma ferramenta que auxilie mulheres em situações de fragilidade.
Mas, essa não é uma missão apenas feminina, os homens também devem se engajar, num processo de reconstrução e mudanças de atitudes, e no combate a todo tipo de violência.
A superação desses números é absolutamente necessária para que possamos construir uma sociedade realmente fraterna e justa e o SinproSP é um parceiro de todas as professoras e professores nessa caminhada.
Sendo assim, façam uso dessa cartilha na vida pessoal, profissional e social. Ela está disponível no formato eletrônico, aqui no site do sindicato; a versão impressa também já está pronta.
Fontes: