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As origens do dia 08 de março como o Dia Internacional da Mulher

Atualizada em 06/03/2023 12:00

(*) Sandra Caballero, professora de História e de Sociologia e diretora do SinproSP

Diferente do que muitos podem acreditar, o Dia Internacional da Mulher não foi escolhido de forma aleatória. Nem é um dia festivo. A sua definição foi feita a partir de alguns eventos de luta das mulheres por direitos. Por isso, é um dia que não só representa, mas também intensifica a mobilização feminina e incentiva a reflexão sobre avanços, recuos e caminhos ainda a percorrer.

A primeira pessoa a levantar a necessidade de estabelecer essa data foi Clara Josephine Zetkin (1857-1933), professora, jornalista e política marxista alemã. Em 26 de agosto de 1910, junto com Alexandra Kollontai (1872 – 1952), revolucionária russa e teórica do marxismo, propuseram, na Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, a criação do Dia Internacional Da Mulher. O objetivo inicial era o de impulsionar a luta pelo direito ao voto feminino. Esse dia foi comemorado pela primeira vez em 19 de março de 1911, mas não era reconhecido internacionalmente.

Apenas em 1975 o dia 08 de março foi instituído, pela ONU (Organização das Nações Unidas), como o Dia Internacional da Mulher. Essa escolha está relacionada a um movimento de mulheres russas de 1917. O país estava envolvido na Primeira Guerra Mundial (1914-1919) e, com o envio de homens para os campos de batalha, as mulheres acabaram por ocupar, de forma majoritária, os postos de trabalho na indústria, serviços e comércio. À medida que o conflito avançava, a situação russa se deteriorava. Nas linhas de frente da guerra, os soldados eram massacrados e, internamente, ocorria uma escalada da inflação, racionamento de alimentos e, consequentemente, a fome.

No dia 08 de março, diante desse quadro trágico, as mulheres iniciaram uma greve cujo lema era “pão e paz”. A mobilização feminina deu início ao processo que culminaria com a derrubada do czar e o início da Revolução Socialista de 1917, que contou com a participação de Alexandra Kollontai.

Outro fato que contribuiu para a escolha desse mês foi o incêndio, ocorrido no dia 25 de março de 1911, na fábrica de vestuário TriangleShirtwaistCompany, em Nova Iorque. Com cerca de 600 funcionários, a maioria do sexo feminino, as condições de trabalho eram precárias, a jornada diária de 14 horas e os salários entre 6 e 10 dólares. Morreram 146 mulheres, a maioria imigrantes, algumas com apenas 14 anos de idade.

Por isso, cabe a nós, educadoras e educadores, independentemente da disciplina, trabalharmos esse tema em sala de aula e conscientizarmos nossos alunos e alunas sobre a importância dessa data.

Algumas conquistas das mulheres brasileiras:

1827 - as meninas conquistam o direito de frequentar as escolas básicas;

1879 - as mulheres conquistam o acesso às faculdades;

1910 - criação do primeiro partido feminino (Partido Feminino Republicano), cuja principal bandeira era o direito ao voto;

1932 - o Código Eleitoral Brasileiro garante o direito ao voto feminino e a possibilidade de se candidatar a cargos eletivos;

1962 - é criado o Estatuto da Mulher Casada. A mulher não precisa mais pedir autorização do marido para trabalhar, passa a ter o direito a herança e pode pedir a guarda dos filhos em caso de separação;

1974 - as mulheres conquistam o direito de possuir cartão de crédito;

1977 - aprovada a Lei do Divórcio;

1979 - é revogada a proibição à prática de uma série de esportes (como o futebol, instituída em 1941, pelo governo Vargas);

1985 - é criada a delegacia da mulher;

1988 - a Constituição Cidadã estabelece igualdade de direitos entre homens e mulheres;

2002 - a "não virgindade" da mulher não pode mais ser usada como argumento para anular um casamento;

2006 - aprovada a Lei Maria da Penha;

2015 - aprovada a Lei do Feminicídio;

2018 - importunação sexual passa a ser crime.


Fontes:
nossacausa.com.br
uol.com.br
mst.org.br
autonomialiteraria.com.br
marxists.org

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