Campanha salarial ensino superior

Professores do ensino superior preparam greve a partir de 5 de setembro

Atualizada em 17/08/2022 20:31

A assembleia remota do SinproSP, realizada nesta quarta-feira, 17, recusou a nova proposta apresentada pela comissão patronal e decidiu dar um basta à falta de respeito e de vergonha: a categoria acolheu indicativo da diretoria do SinproSP e votou a favor de greve a partir de 5 de setembro. Os próximos vinte dias serão vitais para a ampla conscientização e também para denunciar a falta de reajuste e a precarização das condições de trabalho docente.

Passados sete meses do início das negociações, os patrões insistem numa política sistemática de rebaixamento salarial a cada ano. Na rodada de negociação do dia 16, apresentou nova proposta que retira direitos e é incapaz de recompor os salários corridos pela inflação.

Uma dos professores presentes comentou que a nova proposta reduzia ainda mais as despesas das mantenedoras com os salários. Na proposta anterior, a comissão patronal havia proposto 4% a partir de março. Considerando também o 13º, o valor resultaria em 40% de um salário (4% X 10). Na nova proposta, embora a base de reajuste tenha aumentado 1%, no ano, as mantenedoras teriam que pagar apenas 35% de um salário, já que no ano, o reajuste seria pago por apenas 4 meses mais o 13º. E os professores teriam que abrir mão de outros 35% (valores que deixariam de receber entre março e agosto). Não tem cabimento!

Irresponsabilidade patronal

A greve é, hoje, a única alternativa diante de um sindicato patronal que se recusa a negociar com seriedade e rejeita a mediação e a arbitragem, instâncias previstas na Constituição Federal para solução de impasses. Celso Napolitano, presidente da Fepesp e que coordena as negociações, disse na assembleia que os sindicatos de trabalhadores propuseram a mediação, mas os patrões recusaram “porque sabem que nós temos como provar que as empresas mercantis são um negócio altamente rentável”. E acrescentou: “estamos num impasse e não há mais possibilidade de avanço na mesa de negociações. Temos que tentar quebrar esse impasse. Ou recuamos ou, pela greve, tentamos mudar os rumos daqui pra frente".

Professoras e professores presentes à assembleia denunciaram a atuação danosa dos grandes grupos mercantis de educação de capital aberto nas negociações em todo o país. Para a professora Madalena Guasco Peixoto, que falou pela Contee, “as grandes empresas educacionais de capital aberto se aproveitaram da pandemia para aprofundar a reestruturação interna e também mudaram as relações sindicais. Hoje, quem senta na mesa de negociações são os gerentes que tomam para si as negociações, tentam reduzir direitos dos professoras para aumentar o lucro das empresas e os deles mesmos”.

Napolitano falou que as dificuldades enfrentadas em São Paulo são as mesmas no país inteiro. “Não houve negociação que tivesse conseguido reajuste pela inflação. Nós, em São Paulo, já acumulamos defasagem desde 2020. Consideramos uma provocação que essa situação se repita agora. O que querem [os patrões] é perpetuar a defasagem salarial, ano após ano”, completou.

Uma carta da Contee - Confederação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino  em solidariedade à luta dos sindicatos e dos professores e demais trabalhadores em Educação foi lida durante a assembleia, que também discutiu propostas de mobilização e de organização para as próximas semanas.

Os departamentos jurídicos do SinproSP e da Fepesp tomarão todas as medidas exigidas pela legislação, dando a segurança plena a todos os professores. 

Do ponto de vista político, a ideia é dar grande visibilidade à luta a partir da produção de materiais, aulas públicas, contato com movimentos sociais, organizações estudantis e associações ligadas à Educação, reuniões locais com professores. Com isso, a partir do dia 05, esperamos ter um grande movimento por salários justos, condições de trabalho, dignidade e respeito.

PRA MANTER CONTATO

Fale com o SinproSP pelo email grevesuperior@sinprosp.org.br. Relate a situação no local de trabalho, solicite material, marque uma reunião do SinproSP com os professores, online ou presencial, tire dúvidas, dê sugestões. Vamos reunir esforços na certeza de que nossa luta é justa e necessária! 

 

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