Campanha salarial ensino superior

Professores do ensino superior em estado de greve, decide assembleia

Atualizada em 16/06/2022 11:16

Reunidos em assembleia no SinproSP, professoras e professores do ensino superior rejeitaram, mais uma vez, a contraproposta das mantenedoras e decidiram entrar em estado de greve, apontando para um movimento fortalecido e ampliado em escala nacional no retorno às aulas, após as férias coletivas. A decisão também foi aprovada nas assembleias dos mais de vinte sindicatos que integram a Federação dos Professores (Fepesp), todas realizadas na noite de 15 de junho.

Uma assembleia, a ser realizada em agosto, deve marcar o início de ações articuladas nacionalmente, com indicação de paralisação em todos os estados onde não houve assinatura de Convenções Coletivas.

As professoras e professores fizeram um minuto de silêncio contra o brutal assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips no início da assembleia, que também contou com a presença do professor Elson Simões de Paiva, presidente do Sinpro Rio e coordenador de relações sindicais da Contee - Confederação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino. Ele falou das dificuldades enfrentadas no Rio de Janeiro: a proposta patronal fluminense é de 4% em março, complementado com 2% em setembro e 2% em janeiro de 2023. “O Semerj – sindicato das mantenedoras do Rio – não atua descolado do Semesp, nem da Anup, que é a associação nacional”, afirmou.

No Rio, a Estácio-Ibmec tem grande poder no sindicato patronal, segundo o coordenador da Contee e presidente do Sinpro Rio. “A empresa foi processada porque não pagou o reajuste de 2020, alegando não ter dinheiro, apesar de ter distribuído 157 milhões aos acionistas.” Por isso, hoje quer controlar as negociações não só .

Elson lembrou que a proposta de um movimento articulado em escala nacional surgiu num encontro promovido pela Secretaria de Trabalho da Contee, que reuniu sindicatos de todo o Brasil. e mostrou que as dificuldades nas negociações são as mesmas na maior parte do país.

Controle dos grandes grupos

Para o presidente da Fepesp e diretor do SinproSP, Celso Napolitano, a semelhança entre as propostas patronais não é coincidência. Em todo o país, as negociações estão sendo controladas pelos grandes grupos educacionais que atuam nacionalmente e querem estabelecer o mesmo padrão de baixa remuneração em todos os estados. “Essas organizações mercantis são verdadeiros predadores da Educação . Estão predando inclusive faculdades e instituições de ensino tradicionais, com a conivência do Conselho Nacional de Educação”, disse Napolitano. “Nós denunciamos o processo de cartelização desses grandes grupos. Eles estabeleceram um teto na hora-aula, por volta dos R$ 50,00 e estão demitindo professores com salários mais altos”.

Isso explica por que o Semesp, assim como os demais sindicatos patronais do país, insiste em reajuste abaixo da inflação e recusa todas as possibilidades de solução do impasse, como mediação, arbitragem ou julgamento das reivindicações na Justiça.

A professora Regina Maria, da Apropuc, que o ataque contra os direitos trabalhistas e sindicais dos trabalhadores também tem acontecido nas instituições confessionais. “Não por acaso, pela primeira vez a Fundação São Paulo [mantenedora da PUCSP] participa da negociação, dessa frente de cartéis”.

Propostas

Foram apresentadas separadamente quatro propostas, todas elas aprovadas: a) rejeição da contraproposta patronal e defesa das reivindicações dos professores; b) organização de um movimento articulado nacionalmente, com um ato, em agosto, em defesa da Educação e da valorização dos professores, com possibilidade de paralisação; c) nova assembleia em agosto; d) deliberação de estado de greve.

A mesma proposta também foi apresentada e aprovada nas demais assembleias realizadas no estado. Agora, o SinproSP e demais sindicatos voltam a se reunir para definir as próximas estratégias, que também deverão ser discutidas com entidades dos outros estados.

A ideia é usar o mês de julho na organização para que, em agosto, quando os professores voltarem para as aulas,o movimento seja retomado com força. Os professores continuam em assembleia permanente e a data da próxima reunião ainda deve ser definida com os demais sindicatos.

Estado de greve

O estado de greve serve como alerta para a possibilidade de uma greve no segundo semestre. Essa é uma possibilidade real e uma ferramenta legítima na luta por uma Convenção Coletiva, capaz de garantir reajuste salarial decente e condições de trabalho.

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