Ensino superior: patronal insiste em redução geral de salários
Por Fepesp, em 11/05/2022
Na negociação desta quarta (11/05) desta campanha salarial do Ensino Superior, os representantes das mantenedoras tentaram dourar a pílula amarga de suas propostas aos professores e auxiliares de administração: aos míseros 4% que haviam oferecido como reajuste salarial em rodadas anteriores acrescentaram mais 2%, a serem pagos só em janeiro do ano que vem.
“O patronal está esticando a corda”, disse Celso Napolitano, coordenador da comissão de negociação dos sindicatos integrantes da Fepesp. “Querem ter o melhor trabalho docente pagando o menor preço possível, isso não é aceitável”, disse.
A choradeira dos representantes das mantenedoras, reclamando de uma ‘inflação inesperada’ nesta rodada de negociação não convenceu ninguém nos sindicatos. Todas as instituições têm departamentos financeiros altamente qualificados para elaborar previsões econômicas. Todas promoveram ajustes para reduzir custos, seja com alteração de currículos, redução de cargas horárias, ensalamento de alunos, juntadas de classes e até mesmo demissões em massa – foram cortados pelo menos três mil postos de trabalho no Ensino Superior, apenas na cidade de São Paulo.
“Não dá para aceitar uma situação em que as instituições querem manter sua alta lucratividade e garantir o preço de suas ações, à custa dos salários dos trabalhadores”, diz Napolitano. “Por que não apresentam suas demonstrações de custo? Reclamam, mas não abrem as suas contas”, diz.
Canibalização de escolas, cartel de salários
A argumentação de Napolitano, nesta negociação, é a de que as instituições mercantis de ensino superior estão promovendo a cartelização de salários, impedindo que qualquer profissional seja pago acima de um nível salarial determinado pelos conglomerados financeiros.
“Os grandes conglomerados querem canibalizar escolas, impondo condições de mensalidades que não podem ser acompanhadas pelas instituições menores, que se tornam alvo de aquisições, controlando completamente o mercado”, diz Celso. Nesse raciocínio, pagar salários ainda mais baixos para promover redução de mensalidades, por exemplo, é um falso argumento para as instituições de ensino menores, que não teriam condições de acompanhar os ganhos de escala dos grandes conglomerados na Educação Superior, tornando-se insolventes. Daí, para a falência, é um passo.