Ensino superior

#Desanima: as denúncias contra o grupo Anima em audiência pública na Alesp

Atualizada em 12/04/2022 18:00

A pedido do deputado Carlos Giannazi (PSol), a Assembleia Legislativa de São Paulo realizou, dia 11 de abril, audiência pública para denunciar os problemas na Anhembi Morumbi e Universidade São Judas. Além dos estudantes, o evento contou com a participação de Celso Napolitano, presidente da Fepesp e diretor do SinproSP, do vereador Celso Giannazi, do defensor público estadual Dr. Carlos Isa e representantes da UNE e da UEE.

No dia 06 de abril, estudantes da Anhembi e da São Judas protestaram contra a mudança curricular, que resultou em redução de carga horária dos cursos, substituição de aulas presenciais por remotas e “ensalamento”, com junção de alunos de cursos e semestre distintos numa mesma classe. Os alunos também se manifestaram contra o reajuste de 11% nas mensalidades. As duas instituições foram compradas pelo grupo Anima. Veja aqui matéria do SPTV

Educação inovadora?

“Que concepção inovadora de Educação é essa, que permite alterar a grade curricular no meio da graduação?, protestou Lucas Rocha, aluno da Anhembi Morumbi. “A Anhembi quer mudar as regras no meio do jogo, (...) permitindo que seja enxugada centenas de horas da carga horária. Que concepção inovadora é essa que torna os alunos reféns?”, disse Lucas.

Celso Napolitano fez um relato histórico da expansão dos grupos de ensino superior privado. Ele falou da grande liberalização nos ano 90 e de políticas que transferiram recursos públicos para a educação privada e que acabaram atraindo grandes grupos econômicos ou empresas estrangeiras.

“As famílias [que controlavam essas instituições] se beneficiaram com a venda do ativo que era “cabeça do aluno”, venderam a sua atividade acadêmica e mantiveram os prédios, alugados para esses grandes grupos. Foi assim que a família Edvaldo Alves da Silva vendeu a FMU, com a família Gabriel Mário Rodrigues, que vendeu a Anhembi Morumbi e a família Mesquita, que vendeu a São Judas Tadeu”, afirmou Napolitano.

Mais denúncias

O vice-presidente da Comissão de Educação na Câmara Municipal, Celso Giannazi (PSol), fez uma outra denúncia grave: essas empresas não pagam tributos municipais como o IPTU e o Imposto Sobre Serviços (ISS). “Esse grupo, além de precarizar o ensino e o trabalho docente, deve em torno de meio bilhão de reais ao município de São Paulo entre IPTU e ISS”. O parlamentar afirmou que deve convocar representantes do Anima à Comissão de Educação da Câmara e indicará à Secretaria da Fazenda uma fiscalização rigorosa.

O defensor público estadual, Dr. Carlos Isa,  comprometeu-se a dar encaminhamento ao que ele chamou de "graves violações do direito do consumidor", levando as denúncias ao conhecimento da Defensoria  Púbica do Estado de São Paulo e também a outras instituições que cuidam desse tema no plano federal, como o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública Federal.

O deputado Carlos Giannazi encerrou a audiência referindo-se aos principais encaminhamentos que serão adotados rapidamente: a coleta de assinaturas para instalação de uma CPI na Assembleia Legislativa para fazer uma devassa nas instituições privadas de ensino superior. Giannazi também vai convocar representantes do grupo Anima para prestar esclarecimentos na Comissão de Educação e prometeu investigar eventuais dívidas estaduais da Anhembi Morumbi e da São Judas.

 

.