Campanha salarial ensino superior

Ensino superior: proposta patronal é indecente

Atualizada em 07/04/2022 17:44

Se há um setor que aprendeu rapidamente como ganhar muito em meio à tragédia da pandemia, foi o ensino superior privado. Nos dois últimos anos, as mantenedoras reestruturaram o seu negócio, desfizeram-se de ativos, demitiram em massa, reduziram a carga horária dos cursos, entupiram classes (juntando alunos de cursos e anos diferentes), transformaram, em caráter permanente, parte das aulas presenciais por aulas a distância. Tudo isso com a generosa contribuição do MEC e do Conselho Nacional de Educação.

A pandemia acelerou uma reorganização já em curso, cujo objetivo era consolidar a presença do ensino privado na educação superior do país e fazer desse setor um negócio ainda mais lucrativo.  E os custos transferidos para os trabalhadores.

A redução na folha de pagamento só foi possível pelo corte nos postos de trabalho e pela intensificação precária e sem precedentes da atividade docente.O mesmo número de alunos passou a ser atendido por um número muito menor de professores contratados, com salários incapazes de fazer frente à escalada da inflação.

Chegamos a 2022 com gravíssimos problemas. Um deles é a questão salarial. O outro são as condições de trabalho.

Diante de uma inflação de 10,57%, a proposta patronal de reajustar em 3% - e a partir de abril e não março – é indecente e inaceitável. Afinal, o que pretendem esses mantenedores? Pensam que isso lhes garante espaço para negociar concessões nas cláusulas sociais, em troca de algum reajuste maior? Isso não vai acontecer!

Não aceitamos o fim da garantia semestral de salários e das férias coletivas, tampouco a redução do recesso para 15 dias e a desregulamentação das normas de mudança na carga horária.

Queremos proibir o ensalamento e regulamentar o uso de novas tecnologias, o ensino a distância, o direito autoral e de imagem.

Não podemos admitir, enfim, uma proposta econômica incapaz de repor a inflação e corrigir a defasagem salarial.

Exigimos, por fim, seriedade e celeridade nas negociações. Até o momento, a comissão patronal só conseguiu revelar a faceta mais retrógrada e desumana dos empresários da educação superior.

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