O trabalho de professores brasileiros do Fund II comparado com outros países
A fundação Carlos Chagas com a D3E realizou um trabalho de pesquisa para comparar o volume de trabalho dos professores das séries finais do ensino fundamental com docentes que lecionam em anos similares na França, Estados Unidos e Japão. A principal fonte do trabalho foi o Talis 2018 (Teaching and Learning International Survey) , trabalho coordenado pela OCDE que compara os sistemas educativos de quase 50 países.
Uma das diferenças destacadas refere-se ao contrato de trabalho e à jornada escolar. Enquanto que no Japão, Estados Unidos e Japão, a maior parte das escolas funciona em turno único, no Brasil as escolas possuem, majoritariamente, dois turnos, ou seja, os alunos permanecem menos tempo na escola e a oferta de aulas é menor.
Isso traz uma consequência direta nas condições de trabalho docente: a contratação é feita pelo número de aulas e, para compor a remuneração, os professores podem lecionar em mais de uma escola. Mesmo quando trabalham em tempo parcial, a maior parte do trabalho se dá na sala de aula.
Já, nos demais países, a maior parte dos professores trabalha numa única escola, em tempo integral. Além disso, uma parcela da jornada na escola está voltada a outras atividades que não a aula. Vale lembrar que, no Brasil, a lei do piso salarial das escolas públicas prevê que 1/3 da jornada deve estar voltada às atividades extraclasse.
Em relação às atribuições docentes, o estudo indica que no Japão e nos Estados Unidos, os professores exercem atividades de acompanhamento de alunos , supervisão nos intervalos, enquanto que no Brasil e na França o trabalho está ligado ao seu ofício (preparar aulas, avaliar, participar de reuniões, falar com pais etc.)
Uma outra conclusão, bastante conhecida dos professores, é o fato de que o número de turmas é menor nas disciplinas com maior carga horária semanal, como matemática e português, ao contrário do que ocorre com história, geografia, artes e língua estrangeira.
Embora o estudo não grande diferença no número de alunos por classe, a quantidade de turmas sob a responsabilidade de um professor – uma das principais variáveis do volume de trabalho – difere de acordo com a carga horária de cada disciplina.
Os autores do trabalho defendem mudanças nos parâmetros de contratação e destacam a necessidade de oferecer condições para que os professores permaneçam na escola, em atividades pedagógicas fora da sala de aula.
Fazem, contudo, uma ressalva: jornada integral com salários baixos não resolve. A remuneração deve aproximar-se da média de outras ocupações. Essa observação se revela muito importante para impedir que escolas criem jornadas integrais com salários rebaixados. E ainda usam a “jornada integral” como estratégia de maketing!
leia na íntegra: VOLUME DE TRABALHO DOS PROFESSORES DOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL