Fiocruz divulga nova versão das recomendações para aulas presenciais seguras
A Fiocruz publicou mais uma atualização do documento Recomendações para o retorno às atividades escolares presenciais no contexto da pandemia de Covid. Essa é a terceira versão do trabalho que vem sendo realizado há mais de um por um grupo de trabalho interno da Instituição. O lançamento ocorreu dia 20 de agosto.
O documento ressalta a importância de medidas não farmacológicas para reduzir os riscos de transmissão no espaço escolar, em função de alguns fatores: o aparecimento de novas variantes, mais transmissíveis, em especial a Delta; a manutenção da transmissão comunitária ainda em níveis elevados e a baixa cobertura vacinal completa (duas doses ou dose única da Janssen). O trabalho reconhece que são “baixas taxas de transmissão na escola quando são utilizadas medidas de prevenção adequadas”.
Entre as medidas recomendadas, algumas são bastante conhecidas e divulgadas: distanciamento social, uso de máscarasde eficácia comprovada (não pode ser qualquer uma) e higienização constante.
Outras, porém, não têm o mesmo destaque e são tão ou mais importantes. O trabalho, por exemplo, ressalta a necessidade de testagens e o papel da ventilação nos espaços, com circulação eficiente que possibilite a troca de ar.
O documento também destaca as estratégias de rastreamento e monitoramento permanente nas escolas e as medidas de afastamento de pessoas ou turmas em caso de sintomas ou contaminação comprovada para interromper a cadeia de transmissão e prevenir casos de contaminação.
Segundo o estudo, “o rastreamento consiste na identificação de todas as pessoas que tiveram contato com um caso suspeito ou confirmado de Covid-19 em até dois dias antes dos sintomas”, situação em que é sugerido o isolamento familiar. “O monitoramento, por sua vez, é a medida que visa à identificação precoce de sinais e sintomas de Covid-19, com o objetivo de orientar a busca por atendimento médico”.
Sobre as testagens, o documento sugere que elas sejam feitas regularmente, a cada semana ou quinze dias, entre alunos, professores e trabalhadores assintomáticos, em grupos alternados por classe, série etc. “Ao identificar as infecções precocemente, o teste ajuda a manter a transmissão do Covid baixa e os alunos na escola para aprendizado presencial”.
O estudo alerta para a questão ética: ninguém pode ser testado sem consentimento (inclusive de pais ou responsáveis para os menores de idade), deve haver um espaço para garantir a privacidade e manter confidencialidade dos dados. Por fim, sugere medidas de isolamento para testagens positivas e para quem teve contato com pessoas contaminadas (veja quadro ao final).
Transmissão aérea do vírus
Segundo o grupo de trabalho da Fiocruz, o CDC/EUA considera que o risco de transmissão pelo contato com superfícies é bem menor do que a contaminação por aerossóis, risco que aumenta em ambientes fechados, mal ventilados. Por isso, o estudo recomenda a adaptação dos espaços para favorecer a ventilação e a melhoria da qualidade do ar e dos ambientes.
Adoecimento de professores
Um dos problemas enfrentados pelos especialistas é a falta de dados, já que na maior parte das notificações não consta a profissão dos indivíduos.
A partir dos dados disponíveis, o estudo constatou a ocorrência de 25.847 notificações em 2020 de professores de educação básica. Nesse universo, 67,3% atuavam na educação infantil. Considerando apenas os óbitos, entretanto, a maior parte era de profissionais do ensino fundamental (86%).
A íntegra do estudo encontra-se disponível na página da Fiocruz. Acesse aqui