A ficha corrida de Ricardo Barros, que disse que professor não quer trabalhar
Nada como um dia após o outro. O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP/PR), foi acusado de envolvimento na compra irregular e superfaturada do imunizante Covaxin, intermediada pela empresa Precisa. O contrato acabou suspenso pelo Ministério da Saúde depois da denúncia.
Ricardo Barros é conhecido dos professores por um comentário grosseiro e mentiroso. No dia 20 de abril, acusou a categoria de ser “a única que não quer trabalhar na pandemia” nem querer "se modernizar, se atualizar". As ofensas foram feitas durante a votação do projeto de lei que definia a educação como serviço essencial. Foi uma acusação leviana e falsa, diferente das histórias que se ouvem sobre o parlamentar.
Quem é Ricardo Barros?
Uma dos principais nomes do chamado “Centrão”, Ricardo Barros é daqueles políticos que estão sempre perto do centro de poder. Foi líder de Fernando Henrique Cardoso, integrou a base aliada de Lula e Dilma e depois, apoiou o seu impeachment.
Foi ministro da Saúde nos dois anos do governo Temer, quando ganhou o apelido de “ministo da doença”. Chegou a afirmar que os pacientes "imaginam doenças" e por isso recorrem SUS e também que as mulheres utlizam mais os serviços de saúde porque trabalham menos.
No primeiro ano da gestão tentou cortar mais de R$11 bilhões do orçamento destinado ao SUS afirmando que o Estado não teria mais condições de sustentar suas obrigações. Também se posicionou em defesa da criação de planos de saúde populares com coberturas inferiores ao mínimo previsto pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). A iniciativa - uma verdadeira mina de ouro para os planos privados – foi justificada por Barros como uma forma de desafogar o sistema público.
No ano seguinte, em 2017, Barros intermediou uma compra suspeita de medicamentos junto a uma empresa de fachada no Uruguai. O remédio, sem eficácia comprovada – inclusive rechaçado -, foi destinado ao tratamento de tumores agressivos em crianças. A medicação chegou a ser proibida pela Justiça, mas mesmo assim Barros ordenou que a distribuição continuasse.
No mesmo ano, Ricardo Barros defendeu, em entrevista à BBC Brasil, a limitação de exames no SUS para evitar “desperdícios”, já que 80% dos exames de imagem não apontavam doenças. “Se o médico solicita muitos exames que dão resultado normal, ele não está agindo de forma correta com o sistema", afirmou.
Desde 2018 corre na Justiça um processo uma ação por improbidade administativa. O Ministério Público Federal acusou Barros de ter beneficiado a empresa Global Gestão em Saúde, pagando antecipadamente R$ 19,9 milhões por remédios que nunca foram entregues.
Curiosamente, o sócio da Global, Francisco Emerson Maximiano, é também dono da Precisa, a empresa que estaria intermediando a compra da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde por preço superfaturado e pagamento antecipado.