Educação básica

Governo quer comissão com poder de veto a questões do Enem

Atualizada em 23/06/2021 20:06

Uma portaria já estaria pronta para criar uma comissão com a função de avaliar as questões do Enem e com poder de veto. A informação é do jornalista Paulo Saldanha, em reportagem publicada no jornal Folha de S. Paulo, em 18 de junho.

A comissão seria formada pelo presidente do Inep, pelo diretor de Avaliação da Educação Básica, além de dois membros externos para cada uma das quatro áreas de conhecimento.

A ideia de criar uma instância de controle sobre o Enem não é nova no governo Bolsonaro, inclusive na gestão de Milton Ribeiro como titular do MEC. Em entrevista à CNN no início de junho, o ministro – que é também pastor presbiteriano - manifestou intenção de ter acesso prévio à prova do Enem  para evitar “questões subjetivas e ideológicas.

Diante da repercussão negativa, o pastor negou a tentativa de quebra de sigilo e de censura, ao ser questionado na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, em 09 de junho.

Tudo indica, porém, que o ministro não mudou de ideia, a julgar pelos critérios que adotou para escolher membros de um conselho consultivo do Inep: um pastor, um deputado estadual que é militar da reservar, um diretor do Mackenzie (onde ele foi reitor até virar ministro) e um professor da FGV.

O fato é que o pastor Milton Ribeiro é mais um ministro – o terceiro do governo Bolsonaro – escolhido para operar a agenda ultraconservadora para a Educação, área que tem disputada e partilhada entre militares, “olavistas” e evangélicos.

A primeira edição do Enem é de 1998. Por motivos óbvios, nenhum ministro nunca tentou ter controle ou acesso à prova. E assim deve continuar ocorrendo.

Milton Ribeiro deve ser barrado em qualquer iniciativa que represente censura, controle e interferência indevida sobre o Enem. Ele é um homem que ocupa um cargo público público e deve se portar como tal. Se quiser insistir em sua cruzada por supostos valores morais, familiares, religiosos ou políticos, deve abrir mão do cargo que ocupa e voltar de onde nunca deveria ter saído.

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