28 /04, Dia Internacional da Educação: que lição aprendemos durante a pandemia?
Maira Mariano*
O Dia Internacional da Educação, 28 de abril, é propício para pensarmos qual lição aprendemos no último ano. Além disso, inevitavelmente, surge a pergunta: O que temos a comemorar? Os motivos, nos últimos anos, não vêm tanto de políticas oficiais, mas, sobretudo, do esforço dos educadores para superar as deficiências já existentes e que foram acentuadas durante a pandemia do novo coronavírus.
A data de 28 de abril foi assim definida porque, neste dia, no ano 2000, realizou-se em Senegal o Fórum Mundial de Educação de Dakar. Neste evento, diversos países, incluindo o Brasil, firmaram um compromisso com o desenvolvimento da educação até 2030.
Passados 21 anos deste encontro, como se não bastassem os cortes de verbas para a educação, redução no valor das bolsas de pesquisas e a PEC 241, mais conhecida como a PEC do teto de gastos, o Brasil ainda enfrenta a Covid-19.
A lição que se pode tirar desse cenário é a confirmação de que o direcionamento de verbas para a educação não pode ser encarado como despesa, mas como investimento. A Pátria Educadora precisa de recursos tecnológicos e digitais, programas de formação de professores, espaços escolares adequados, valorização sistemática da educação e projetos de conscientização social. A escola e os professores não podem ser desmerecidos e considerados descartáveis.
Isso, porém, não é nenhuma novidade. Pesquisadores e especialistas tratam dessas questões há bastante tempo. O que a pandemia fez foi escancarar essas necessidades, a ponto de surgirem movimentos que exigem a abertura das escolas e que a educação seja considerada serviço essencial. As famílias também perceberam o quanto o ensino domiciliar é difícil e exige conhecimentos profissionais.
O uso de recursos digitais e a adoção do ensino híbrido e remoto são apontados como mudanças que vieram para ficar. Há algumas décadas, as pesquisas mostram como estes recursos possibilitam avanços na aprendizagem, facilitando que o professor atue como mediador entre o aluno e a construção do conhecimento. Com o início da pandemia, embora muitas instituições de ensino não estivessem preparadas e os docentes familiarizados com as tecnologias digitais, a solução foram as aulas virtuais.
Diante dessa nova situação, todos aqueles que estavam fora do debate educacional puderam ver por que os educadores tanto protestam e exigem melhorias. Descortinou-se a realidade e foram expostas as necessidades da educação brasileira a quem quiser enxergar.
Não bastam, portanto, escolas abertas e projetos que tornam a educação serviço essencial. Há uma enorme diferença entre a educação ser serviço essencial e ser considerada essencial. O segundo é o que vale: a educação é essencial para que toda a sociedade seja por ela transformada, ou, pelo menos, as pessoas, conforme refletia Paulo Freire. Enquanto a educação for vista somente como serviço, não virá acompanhada do investimento necessário para pensar o Brasil que queremos.
Neste 28 de abril, Dia Internacional da Educação, o Brasil deve relembrar o pacto firmado no ano 2000. Faltam apenas nove anos para chegarmos a 2030, prazo estabelecido pelo Fórum Mundial, como meta para o desenvolvimento da Educação.
A pandemia do novo coronavírus colocou no centro do debate a importância e a urgência do investimento em educação. Entretanto, ainda há muito a ser feito para que possamos comemorar. Quem sabe em 2030?
*Maira Mariano é docente de tempo integral da Universidade São Judas e da rede pública estadual e municipal de São Paulo. Doutora em Letras, pedagoga e especialista em práticas pedagógicas.