Ensino superior: patrões querem congelar salários e reduzir direitos
A comissão sindical encarregada das negociações salariais recebeu, na última semana, uma nova proposta do sindicato patronal para assinatura de Convenção Coletiva por dois anos e retroativa a março/2020. Uma proposta inegociável e vergonhosa em todos os aspectos: reajuste zero e flexibilização de direitos, como garantia semestal de salários, férias e recesso. No limite, os patrões oferecem um abono correspondente a 50% de um salário e - acreditem - parcelado em até quatro vezes!!!
As negociações salariais no ensino superior de 2020 ainda não foram concluídas e, agora, se sobrepõem à nova data base, de 2021. Para repor a inflação acumulada até março de 2020, o reajuste deveria ser de 3,54%. Ocorre que o custo de vida acelerou a partir de setembro do ano passado e o acumulado entre março/2020 e fevereiro de 2021 é de 6,54%. Assim, apenas para recompor o poder de compra dos salários, seria necessário um reajuste de 10,31%. Não há, portanto, a mínima possibilidade de discussão nas novas bases apresentadas pela comissão patronal.
Como se fosse pouca coisa, os mantenedores querem flexibilizar direitos históricos como garantia semestal de salários e férias coletivas. Alegam que a pandemia e as mudanças de datas no Enem e no Sisu alteraram a organização das matrículas e dos calendários escolares.
Desde o início da pandemia, os sindicatos e a Fepesp, que coordena as negociações no estado, reconheceram a complexidade da situação e nunca se recusaram a dialogar, buscando alternativas de médio prazo, capazes de superar esse período de excepcionalidade. No final do ano, diante da falta de expectativa de uma solução negociada, passaram a defender a escolha de um mediador, proposta que também foi recusada pelos mantenedores.
As entidades, agora, voltam a se reunir para definir as próximas estratégias e ações, que devem incluir, também, uma chamada de assembleia em todo o estado.