Doria jogou os professores para os leões, mais uma vez
Pouco importa os hospitais lotados, pessoas morrendo nos corredores à espera de um leito, menos ainda todas as recomendações para restringir a circulação, permanecer em casa e evitar ao máximo o contato entre pessoas. Quando se trata de escola privada, Rossieli e Dória se transformam em negacionistas, a exemplo do presidente da República. A diferença é que este último recomenda cloroquina. O secretário da Educação, por sua vez, diz que não há risco na abertura das escolas particulares. Por isso mesmo, liberou-as para que cada uma delas decida se mantém ou não as atividades presenciais.
A cidade de São Paulo tem mais de 4 mil escolas privadas, com realidades as mais diferentes possíveis. Em um ano do estado de calamidade, o poder público recusou-se a regulamentar o funcionamento das escolas particulares e a fiscalizá-las. Por fim, em dezembro, o secretário Rossieli atestou por completo a sua submissão aos interesses privados, mudando as regras do jogo para autorizar as aulas presenciais nas fases vermelha e laranja do Plano São Paulo, num momento em que a pandemia já dava sinais de aceleração aguda.
Em fevereiro, deu a benção às escolas de elite e colocou as diretorias de ensino para dar um verniz legalista ao descumprimento, pelas escolas, do decreto municipal que limita o percetual de alunos em 35%.
Agora, a Secretaria de Educação tenta aperfeiçoar esse comportamento reprovável. Indiferente à tragédia que assola o país e ao desespero da área médica, Rossieli fingiu não existir uma sentença que proíbe a convocação de professores das escolas públicas e privadas para qualquer atividade presencial nas fases vermelha e laranja. Pior do que isso: estimulou as escolas a descumprirem a sentença do Tribunal de Justiça.
É um caso inédito que ameaça a própria Democracia e evidencia os interesses que estão bem longe da preservação da saúde e da vida. É uma vergonha que, em qualquer lugar decente do mundo, custaria o cargo ora ocupado por esse senhor.
Decisão judicial deve ser cumprida. Ainda que não tivesse havido o julgamento, as escolas decentes devem garantir a vida e a saúde de toda a comunidade escolar, mantendo apenas as aulas presenciais. O SinproSP, junto com a Fepesp e demais sindicatos que representam trabalhadores da educação privada, continuará lutando para que as escolas cumpram a sentença e que tenham a dignidade de manter os funcionários em casa, pelo menos nos próximos quinze dias.