A política genocida do Movimento Escolas Abertas
Texto atualizado em 02/03/2021, às 10h46.
Indiferente à escalada alarmante de Covid-19 no país, o Movimento Escolas Abertas prossegue em sua campanha agressiva pelas aulas presenciais a qualquer custo e com o maior número de alunos possível. Uma farsa que começa pelo nome do movimento: escolas "abertas"??? Ora, as escolas não fecharam durante a pandemia. A Educação esteve garantida, mesmo com as condições impostas pela epidemia.
Um dos principais argumentos do grupo é comparar as escolas com outras atividades, como bares, restaurantes, academias de ginásticas, salões de beleza etc. Afinal, se tudo está aberto, por que as escolas não? Um raciocínio fajuto, que pode até satisfazer o senso comum, mas é incapaz de resistir por muito tempo.
Afinal, o correto seria exigir que as outras atividades também tivessem o seu funcionamento restringido para reduzir a circulação de pessoas e levar à queda na taxa de contágio. Uma pandemia não é uma situação normal e por isso, exige medidas excepcionais. O Escolas "Abertas" defende o contrário: naturaliza a epidemia e descreve um mundo em que tudo funciona normalmente, com restaurantes cheios, encontros fraternais entre amigos, viagens no reveilllon, no carnaval. Então, por que não manter as aulas presenciais nas escolas onde os seus filhos estudam?
Com o retorno às aulas presenciais, a pressão voltou-se contra a regra sanitária que limita o número de alunos de acordo com a situação da pandemia nas regiões de saúde do estado. O movimento agora pressiona para que cada escola possa definir a quantidade de alunos. Caberia ao poder público definir os protocolos, apenas."O que a gente hoje em dia defende no movimento é que as escolas abram cada uma dentro de sua capacidade (...) que cada escola possa se adequar de acordo com os protocolos, [de modo] a receber o máximo de alunos possível", afirmou Isabel Quintella, em live realizada no dia 1º de março.
Un segundo argumento é o dano psicológico causado às crianças pelo longo tempo de afastamento do convívio social proporcionado pelas escolas. Ninguém duvida disso e ninguém, mais do que os professores, sabe o papel que as escolas têm na vida de cada estudante. Só que, mais uma vez, vale repetir: estamos vivendo uma situação excepcional e extremamente grave. O que é preciso para entender isso? Ter fila de espera nas UTIs de hospitais de alto padrão para que essas pessoas, se vierem a ser afetadas pela falta de leito, possam entender o que dizem os epidemiologistas?
É impressionante como o discurso continua exatamente o mesmo de quatro meses atrás, quando ninguém imaginava que estivéssemos na situação em que nos encontramos hoje. Para o Escolas “Abertas” nada mudou.
Contando com grande poder de pressão e um bem articulado exército nas redes sociais, que reage de forma agressiva àqueles que pensam diferente, o movimento segue indiferente à tragédia que assola o país. Desqualifica opiniões, ignora alertas e fala de uma escola na qual professores e demais trabalhadores não existem ou não têm nenhuma relevância. Talvez por isso o Escolas "Abertas" tenha ignorado por completo a morte de docentes nas escolas públicas e particulares.