Assembleia de professores do Sesi discute volta às aulas e condições de trabalho
Ambiente de amizade e camaradagem, com muita discussão, diversidade de opiniões e proposições. Foi assim que as professoras e os professores do Sesi e do Senai se reuniram na quarta-feira, dia 10, em assembleia virtual do SinproSP para discussão sobre o retorno das aulas presenciais em 2021 e definição da pauta de reivindicações da Campanha Salarial.
Foram realizadas assembleias nos períodos da manhã e tarde, que contaram com mais de 280 professores do Sesi e do Senai na cidade de São Paulo e dos municípios de Leme, Descalvado, Pirassununga, Porto Ferreira, Santa Cruz da Conceição, Santa Rita do Passa Quatro e Tambaú, que são representados pelo Sinpro Unicidades.
Após três horas de troca de ideias, a categoria aprovou dois blocos de deliberações.
O primeiro trata dos problemas específicos do retorno das aulas presenciais no Sesi e que exigem soluções imediatas. Para isso, a assembleia definiu uma pauta de oito reivindicações que foram encaminhadas ao Sesi, propondo reunião de negociação para o próximo dia 15. A resposta dos patrões será analisada pelos professores em nova assembleia já convocada para o próximo dia 16, terça-feira, às 18h30, havendo inclusive a possibilidade de deliberação de paralisação das atividades presenciais.
O segundo bloco de deliberações foi dedicado às negociações salariais para renovação do Acordo Coletivo de Trabalho. Noventa e sete por cento dos presentes aprovaram a proposta de pauta de reivindicações apresentada pela diretoria do SinproSP. O documento será analisado em conjunto com as deliberações das demais assembleias de outras regiões do Estado, de Sindicatos integrantes da Federação dos Professores e unificada em nível estadual. Saiba mais em “Negociações Salariais”.
Retorno presencial sem garantias?
Depois das informações gerais a respeito da derrubada da liminar que suspendia as aulas presenciais, as professoras e professores debateram o trabalho presencial no Sesi e os riscos a que a categoria está exposta.
Houve consenso sobre o aumento do trabalho desde o início da pandemia e as exigências feitas pelo Sesi. Aula presencial com filmagem simultânea e a obrigação de ter que repetir o mesmo conteúdo para gravações de aulas também foram bastante criticados por conta do desgaste que provocam. “Estamos trabalhando muito mais, dando aulas em diversas plataformas, e tendo que aprender a utilizar os recursos dos softwares fora da jornada de trabalho, no nosso período de descanso. Com o retorno das aulas presenciais será pior ainda, pois teremos de dar o mesmo conteúdo várias vezes, na sala de aula e no remoto. Novamente é trabalho aumentado para nós”, afirmou uma professora. Outros docentes reclamaram ainda do excesso de comunicados que chegam aos celulares, a qualquer hora e dia da semana.
Também foram debatidos os riscos que envolvem o retorno às aulas. Um professor questionou as normas de biossegurança, que ele considera insuficientes e defendeu a “manutenção do ensino 100% em ambiente remoto”. Para o docente, “os protocolos sanitários existem para mitigar o risco, pois infelizmente no ensino presencial sabemos que haverá um alto percentual de professores infectados”, disse.
Os problemas relatados refletem a dura realidade dos professores nas mais de 400 unidades do Sesi no estado de São Paulo. Por isso, a Assembleia aprovou um documento com oito reivindicações que foi encaminhado à direção do Sesi na manhã do dia 12 de fevereiro e devem ser respondidas com urgência.
Entre as propostas aprovadas estão a possibilidade de permanecer em trabalho exclusivamente remoto, opção de aulas à distância quando não houver alunos presencialmente, testagem, limpeza e desinfecção de salas e demais superfícies, fornecimento de EPIs de qualidade, fiscalização dos limites de alunos por sala, currículo contínuo e garantias contra possíveis represálias. Veja a pauta na íntegra aqui.
O Sesi já recebeu um ofício com a apresentação das reivindicações e uma sugestão de uma reunião para o dia 15 de fevereiro. Acesse o documento aqui
A categoria também deliberou que voltará a se reunir, em Assembleia no dia 16/02, para analisar o resultado da reunião e avaliar a possibilidade de indicar outras ações.
Negociações Salariais
Ainda na assembleia os professores decidiram pelas reivindicações que deverão compor a pauta da Campanha Salarial 2021. Além de deliberar pela defesa e manutenção do atual Acordo Coletivo de Trabalho, avaliado como o melhor do país, com duas cláusulas novas que se referem à remuneração pelo trabalho tecnológico e pela orientação de trabalhos acadêmicos, foram aprovadas medidas específicas para as relações de trabalho durante o período da pandemia. Trata-se de um conjunto de cláusulas que comporão um capítulo de “disposições transitórias” que visam assegurar condições sanitárias ideias para o trabalho presencial, quando puder ser retomado e regulamentar o trabalho a distância.
Nas questões econômicas, a assembleia deliberou pela reposição da inflação pelo INPC, além de um percentual de aumento real, a ser definido nas negociações e abono especial de 24% de um salário. Também foi aprovada a extensão do período de reembolso creche para 36 meses, com a inclusão dos professores do gênero masculino e a possibilidade para utilização do plano de saúde para filhos dependentes, estudantes, com até 24 anos.
A pauta de “disposições transitórias” reivindica direitos e garantias durante a pandemia, composta por 14 cláusulas que garantem o fornecimento de EPIs de eficácia e qualidade, ao direito do professor sobre a sua imagem, voz e trabalho intelectual.
Unificação da pauta
A Assembleia também aprovou a unificação da pauta de reivindicações em nível estadual, ou seja, as propostas locais aprovadas nas assembleias em todo o estado, pelos Sindicatos integrantes da FEPESP serão convertidas em uma única pauta estadual, que será entregue aos dirigentes do SESI e do SENAI e negociada por uma comissão de representantes sindicais, a partir da semana de 22 de fevereiro.