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O ministro da Educação e o império da boçalidade

Atualizada em 25/02/2019 23:30

A notícia foi inicialmente publicada pela jornalista Renata Cafardo (O Estado de S. Paulo) e rapidamente repercutiu em toda a imprensa: o email do MEC enviado às escolas com uma carta assinada pela ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, na qual ele reproduz o slogam da campanha presidencial de Bolsonaro. O ministro também usa a expressão “Brasil dos novos tempos”, em mais uma referência à campanha política.

No email, o MEC solicita a leitura da carta aos alunos, professores e funcionários, “perfilados diante da bandeira (se houver) e com a execução do Hino Nacional. Atestando a mais completa falta de limites, o MEC pede que a leitura da carta seja filmada - “pode ser trechos curtos” – e o vídeo, entregue à assessoria de imprensa do MEC e à Secretaria de Comunicação da Presidência da República.

Diante da repercussão, o MEC divulgou nota no final da tarde afirmando que pedirá autorização prévia para divulgação das imagens. Não faz nada mais do que cumprir a lei.

O que a assessoria não explicou foi a evidente referência à campanha eleitoral de Bolsonaro. Um ato gravíssimo e ilegal.

Desde que assumiu, Vélez tem mostrado um profundo desconhecimento e desprezo pela Educação. Demonstra ser vaidoso, autoritário, personalista e parece se orgulhar de sua própria ignorância.

Desta vez, porém, a questão vai além : ele usou do seu cargo para fazer propaganda política-partidária (que ironia ...) e transformar o MEC num “puxadinho” dos interesses particulares seus e de seu chefe imediato.

Neste caso, não se trata de acusações subjetivas e sem provas ao estilo do que faz o Escola Sem Partido. Não há como desmentir o ato abusivo. Por isso, o que se espera é que Rodriguez seja devidamente investigado e punido.

No dia 26, o MEC divulgou nova nota alterando o teor do dia anterior. As duas referências à campanha eleitoral de Bolsonaro foram suprimidas da carta do ministro e desta vez, o cumprimento pelas escolas passa a ser voluntário.

Essa mudança não altera a situação. A supressão do slogan da campanha partidária reafirma o conteúdo ilegal da carta do ministro. Quanto ao cumprimento “voluntário”, é bom que o problema não está no Hino. Aliás, o ministro deveria saber que desde 2009 é obrigatória a execução do Hino Nacional, semanalmente, nas escolas de ensino fundamental (Lei 12.031)

Quanto à carta, quem quiser jogá-la no lixo, pode.

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