Sistema brasileiro corta custos na informatização de escolas
Spensy Pimentel
Agência Brasil
Uma empresa brasileira de software (programas de computador) inventou um sistema que permite reduzir em pelo menos dois terços os custos para a implantação de redes de computadores em locais como escolas e microempresas, ou mesmo cibercafés. A invenção permite utilizar uma só unidade de processamento ( o "cérebro" do computador) para conectar até seis conjuntos de monitor, teclado e mouse, atendendo simultaneamente o mesmo número de usuários.
O Comitê de Implementação do Software Livre no Governo Federal considera a inovação como modelo e diz que ela poderá ser aproveitada em projetos públicos da área de educação e de apoio à pesquisa e a microempresas. "Esse projeto mostra que a indústria nacional tem condições de oferecer soluções inovadoras em software livre que podem reduzir muito os custos sem perda de qualidade e sem incentivar a pirataria", afirma Sérgio Amadeu, coordenador do comitê e presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, ligado à Casa Civil da Presidência da República.
A inventora do "Six System" é a Insigne, empresa de Campinas que atua no desenvolvimento de software livre. É dessa forma que são chamados os programas de computador cuja reprodução é gratuita e livre – ou seja, copiar o programa não é considerado pirataria. Empresas como a Insigne ganham dinheiro com serviços de suporte, ou seja, elas dão manutenção para a instalação dos programas e no caso de eventuais problemas técnicos.
Em 2004, a empresa inventou o Six System, que permite a até seis usuários utilizar um só computador simultaneamente. Na prática, o sistema substitui seis computadores, baixando os custos com equipamentos em cerca de 40% a 50%. No caso dos programas, segundo cálculo feito pelo ITI, o uso do software livre traz economia ainda maior, superior a 80%. No total, a redução de custos fica em torno de 62,5%.
Ainda segundo o cálculo do ITI, a instalação de seis computadores com memória de 512 Megabytes e monitor de 15 polegadas, com programas proprietários, ficaria em R$ 14,3 mil. Já uma configuração semelhante usando o Six System custaria R$ 5,35 mil – o preço já prevê o acompanhamento técnico para os programas durante um ano.
Hoje, para montar um laboratório escolar de ensino de informática, por exemplo, que sirva para 18 alunos, é preciso comprar 18 computadores. Com o novo sistema, seria preciso adquirir só três unidades. O sistema também pode ser útil para pequenos empresários. "Hoje, quase 50% das microempresas do país não são informatizadas. Quando você fala em inclusão digital num país como o nosso, envolve muito essa questão do dinheiro", diz João Pereira da Silva Jr., diretor da Insigne.
Na solução técnica criada pela empresa, a única modificação no hardware (a parte física do computador, em oposição ao software – em inglês, "soft" – mole, flexível – é antônimo de "hard" – duro, rígido, concreto) é a implantação de mais cinco placas de vídeo, que alimentam os monitores. Todo o resto da solução consiste em ligar as unidades por cabos do tipo USB.
O pacote de programas livres utilizado pela Insigne pode ser obtido gratuitamente pela internet. Segundo a empresa, ele já é reproduzido em países como os Estados Unidos e o Iraque. Atualmente, a Insigne diz que vários fabricantes brasileiros de computador já estudam a fabricação de unidades Six System. A empresa vem aperfeiçoando o sistema para que ele possibilite também a reprodução de som nas diferentes unidades.