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Autoritarismo na PUC

Atualizada em 06/09/2018 15:09

Os ventos autoritários que têm soprado por diferentes espaços e cantos do país estão assombrando também a PUC-SP. Em determinação adotada recentemente, a reitoria da universidade tentou instituir o controle de presença dos professores por meio de ponto biométrico. O corpo docente reagiu, entendendo que não se trata apenas de inovar, de maneira supostamente inocente, o mecanismo de aferição de frequências.

Além de clara violência contra a autonomia docente, outra consequência principal , entendem os professores, é o rompimento do contrato de trabalho que por décadas tem sido observado e respeitado pela instituição - e que incorpora o conjunto de atividades docentes , tais como preparação de aulas, correção de trabalhos, orientação de projetos de conclusão de curso, participação em reuniões de órgãos colegiados, entre outros compromissos. “A nova sistemática rompe essa lógica, interpretando a nossa atividade unicamente no sentido do tempo despendido em sala de aula", , alerta matéria publicada pelo jornal “PUC Viva”, edição de 27 de agosto. A contratação por jornada e não por hora-aula, como acontece na PUC-SP, permite aos docentes desempenhar funções de natureza acadêmica fundamentais para a qualidade da formação dos estudantes.

Outra truculência conservadora surpreendeu toda a comunidade da PUC-SP , e talvez ainda mais do que o ponto biométrico: a mudança substancial que a FUNDASP, mantenedora da PUC-SP, pretende fazer nas normas regimentais da Universidade.

Em vídeo publicado pelo “Nocaute” do blog do jornalista Fernando Morais, o também jornalista e professor da PUC-SP, José Arbex, afirma que um decreto já preparado pela mantenedora da universidade pretende ainda alterar profundamente o estatuto da instituição, atacando a essência do espírito democrático que desde sempre foi marca de identidade da PUC-SP.

Se aprovado, o documento acabará, por exemplo, com as eleições de reitores, diretores e chefes de departamento pela comunidade acadêmica (os reitores passariam a ser diretamente escolhidos pela chancelaria da PUC). O reitor, por sua vez, teria a prerrogativa de indicar diretores e chefes de departamentos. Além disso, professores, ao completar 75 anos, seriam compulsoriamente aposentados. “É um golpe profundamente autoritário, numa das instituições mais importantes para a democracia brasileira”, avalia Arbex. Para ele, além da onda conservadora que se consolida no país, os ataques à PUC-SP tentam também se aproveitar, nesse momento, do avanço das tendências mais fundamentalistas da Igreja Católica, que procuram inclusive acuar o papa Francisco.

Em reuniões e assembleias, professores e estudantes da PUC-SP estão discutindo e organizando as estratégias de resistência às medidas. O SinproSP faz parte desse movimento. É preciso juntar forças. “Com apoio do conjunto da sociedade brasileira, acho possível barrar mais esse golpe”, finaliza Arbex.

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