Qual o lugar dos professores no noticiário da Educação?
Um levantamento elaborado pela Unesco e pela Andi – Comunicação e Direitos aponta que apenas 7,4% das reportagens sobre Educação têm os professores como fonte. Se forem consideradas as matérias em formato de entrevistas, o percentual cai para 3,8%.
O trabalho foi apresentado em 07/08 por Miriam Pragita, diretora executiva da Andi, durante o 2º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, promovido pela Associação de Jornalistas de Educação. Os resultados completos da pesquisa devem ser divulgados em setembro.
Foram analisadas 3.972 matérias publicadas em 31 dias durante 2016 e 2017. Não entraram na amostra reportagens sobre o ensino superior.
A principal fonte dos jornalistas (52,4%), segundo o levantamento, foram os órgãos oficiais – MEC, INEP, polícia e poderes executivos estaduais e municipais.
O fato de os professores serem pouco procurados dá a pista que ajuda a explicar uma queixa frequente na nossa categoria: a forma como o trabalho docente é tratado em muitas reportagens, que pouco tem a ver com o que é realizado na sala de aula.
Ora os professores são responsabilizados por grande parte dos problemas da Educação (por exemplo, o aluno não estuda porque a aula não é atraente), ora são tratados como pobres coitados que não trabalham bem porque são mal formados, mal remunerados e sem condições mínimas para desenvolver a sua atividade.
O professor como fonte
Nem culpado, nem vítima. Os professores precisam ser vistos como profissionais que têm qualificação, dominam o seu trabalho e podem falar com propriedade.
A experiência no departamento de Imprensa do SinproSP de certa forma comprova aquilo que foi apresentado pela diretora-executiva da Andi. Em geral, os professores são procurados para ‘ilustrar’ uma matéria, como exemplo do que está sendo abordado na reportagem. Esse tipo de exposição faz com que muitos professores, justificadamente, resistam a falar com jornalistas.
Mesmo quando os professores são chamados a participar na condição de ‘personagens’, os assuntos acabam limitados a temas como violência na escola, desgaste mental etc. Basta verificar a cobertura sobre a reforma do ensino médio. Até o momento, ninguém ligou para o SinproSP procurando algum professor do ensino médio para comentar as mudanças na Lei 13.415 ou a proposta de Base Nacional Comum Curricular (BNCC).