Campanha salarial

Pais do Gracinha e do São Domingos divulgam cartas de apoio aos professores

Atualizada em 19/05/2018 08:51

Leia abaixo as duas cartas de apoio à luta dos professores, assinadas, respectivamente, por pais de alunos dos colégios São Domingos e Nossa Senhora das Graças

CARTA DE MÃES E PAIS DO COLÉGIO SÃO DOMINGOS EM APOIO AOS PROFESSORES

Comunidade do São Domingos e dos demais colégios,

Diante das ameaças de perda de diversos direitos fundamentais por parte dos professores da rede privada de ensino e frente às graves consequências que esse processo de degradação da profissão docente trará tanto para a vida de todas essas pessoas como para a qualidade do ensino em nossas escolas, decidimos por nos manifestar publicamente por meio desta carta.

A chamada Convenção Coletiva, negociada entre sindicatos patronais e de professores, rege os contratos de trabalho nas escolas da rede privada há mais de vinte anos. Essa Convenção estabelece direitos e deveres para professores e empregadores, o que têm garantido estabilidade e qualidade no ensino das instituições particulares.

Aproveitando-se da conjuntura de desmonte das leis que garantem direitos aos trabalhadores, oportunidade que surge a partir da aprovação e entrada em vigor da reforma trabalhista, o SIEEESP, sindicato patronal, decidiu de forma intransigente e unilateral deixar de respeitar a Convenção e abandonou intempestivamente a mesa de negociações, mesmo diante das tentativas de buscar conciliação conduzidas pela Justiça do Trabalho.

Com isso, os professores de diversas escolas estão perdendo direitos como férias de trinta dias corridos, bolsa para os filhos, garantia de semestralidade em caso de demissão, recebimento de horas extras, padrão igualitário de remuneração entre professores da mesma escola, entre outros. Sabemos no que isso acarreta: a precarização da atividade docente e a deterioração da qualidade do ensino, já que muitos se verão obrigados a procurar novas fontes de renda e de estabilidade. É importante lembrar que esses direitos já fazem parte há vários anos da Convenção – não representam, portanto, qualquer custo extra para as escolas.

Não podemos assistir passivamente a esse desrespeito com uma categoria tão fundamental para nosso país. Professores, sejam da rede pública ou particular, são agentes fundamentais para o nosso futuro comum, para a construção de uma sociedade justa, democrática e plena de direitos. Sucatear as relações e as condições de trabalho desses profissionais é sucatear o próprio futuro do nosso país. Essa é uma reflexão importante a se fazer, em tempos de tantos patriotismos em vão.


CARTA DE MÃES E PAIS DO GRACINHA EM SOLIDARIEDADE AOS PROFESSORES

Comunidade Gracinha e demais comunidades escolares,

Queremos refletir junto com vocês sobre o que é importante para nós enquanto família, quando escolhemos a escola onde nossos filhos irão estudar.

Pensamos sobre a proposta pedagógica, os projetos que são desenvolvidos ao longo de cada ano, a conexão entre os projetos e a relevância de cada um para a formação dos nossos filhos. Sabemos que os professores estão na linha de frente, diariamente incentivando e estimulando a construção do conhecimento e instigando nossos filhos a desenvolverem o senso crítico. São os professores que identificam as especificidades de cada criança, os “tempos” de aprendizagem, os momentos de tristeza ou de grande euforia, entre tantos outros elementos.

Todos esses aspectos ficam muito claros quando as reuniões de série são realizadas e temos a oportunidade de ver os professores falarem sobre os projetos realizados. Nosso encantamento mostra a confiança e o engajamento que enxergamos nesses profissionais.

Um corpo docente estável faz toda a diferença para o processo de aprendizagem. Um conjunto de profissionais comprometidos e permanentes propicia uma relação de confiança com os estudantes e com as famílias e, consequentemente, com a escola.

O professor é um líder e precisa estar comprometido com o ensinar. Quando ele não é reconhecido e não possui o apoio necessário, necessitando pensar formas alternativas de remuneração, o seu foco e a qualidade do seu trabalho são prejudicadas.

A confiança é a base da relação da família com a escola. Acreditamos e queremos que a escola trate bem e forneça boas condições de trabalho para os professores que estarão com nossos filhos durante muitos anos.

Existe uma Convenção Coletiva que rege os contratos de trabalho nas escolas da rede privada, negociada e acordada entre os sindicatos dos professores e das escolas, ano a ano, cláusula a cláusula, há mais de 20 anos. Trata-se de uma via de mão dupla: ela atende as demandas dos professores e das escolas, determinando regras claras e deveres para os dois lados. Ela garante estabilidade dentro das escolas.

Neste momento está havendo um conflito de interesses entre o Sindicato Patronal e o SinProSP. Buscamos nos informar e ficamos profundamente preocupados, pois, mesmo entendendo que negociações possam ser propostas, o que vimos foi o abandono das negociações por parte do sindicato patronal, assim como propostas de retirada de vários aspectos favoráveis aos professores da convenção coletiva, que piorariam bastante suas condições de trabalho. Por exemplo: férias, bolsa para filhos, padrão de remuneração e outros, todos de uma só vez. Isso certamente afetaria a qualidade da educação e a tranquilidade dos professores.

A escola é um espaço de construção do mundo que queremos e a precarização das relações de trabalho destrói alicerces importantes.

Acreditamos que tal postura não é construtiva e que tais medidas sinalizam a precarização do trabalho do professor e colocam em risco a atratividade da carreira docente, afastando profissionais capacitados e talentosos das salas de aula, com consequências na qualidade do ensino.

Preocupados com este cenário, voltamos a nos perguntar......Mães e pais das comunidades escolares, o que nos une?

A qualidade de ensino e um ambiente escolar saudável. Por isso, assinamos essa carta, para demonstrar nosso incômodo com a postura do sindicato das escolas nas negociações deste ano e nossa discordância com a possibilidade de piora nas condições de trabalho dos professores.

Professores, contem com nosso apoio para a manutenção das atuais relações de trabalho e nosso reconhecimento e valorização da profissão professor.

Para saber mais:

No TRT, sindicato das escolas volta a defender redução de direitos Sindicato de professores de escolas particulares de SP organiza greve Escolas querem rever benefícios de professor Professores da rede particular de São Paulo decidem sobre greve
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