CARTA ABERTA DOS PROFESSORES E PROFESSORAS DAS ESCOLAS PRIVADAS DE SP
As professoras e os professores das escolas particulares de São Paulo estão em campanha em defesa de seus direitos. Reunidos em assembleias que estão ocorrendo desde o final do ano passado no Sindicato dos Professores de São Paulo (SinproSP), a categoria defende com convicção a manutenção dos direitos garantidos pela Convenção Coletiva, que representam conquistas históricas já consolidadas, além de avanços como ampliação das licenças maternidade e paternidade e a remuneração pelas horas de trabalho extenuante despendidas com as tecnologias digitais.
Muitos donos de escolas, entusiasmados com a possibilidade de retrocessos referendada pela reforma trabalhista, decidiram voltar ao passado e sinalizam apenas e tão somente com o desmanche da Convenção Coletiva e a consequente precarização das condições de trabalho. Querem reduzir o recesso, fragmentar as férias, aumentar o tempo de duração das aulas (sem o consequente aumento da remuneração), eliminar as bolsas de estudos e introduzir o banco de horas (para se eximir do pagamento de horas-extras). Isto para citar apenas algumas das violências que já foram apresentadas durante as difíceis reuniões de negociação. O que pretendem é a pura e simples destruição da rede de proteção que normatiza civilizadamente o trabalho docente.
O momento é de mobilização e de luta, para resistir, sempre coletivamente, a esses ataques. O momento é também de agir para preservar nossos direitos. Na essência desse embate, está a discussão sobre a qualidade da Educação que desejamos continuar oferecendo para as filhas e os filhos de vocês.
A sala de aula é o espaço, por definição, do exercício do livre pensar, do pluralismo e da formação crítica e cidadã. Muito mais do que as máquinas e as tecnologias, certamente importantes aliadas nesse processo, professoras e professores são os sujeitos protagonistas insubstituíveis dessa dinâmica.
Para que esse compromisso ético e social continue a ser cumprido, no entanto, é imprescindível garantir a assinatura de uma Convenção Coletiva, direito consolidado da categoria, que assegure boas condições de trabalho, nossos direitos sociais e salários dignos.
Não temos dúvida: a tentativa de desmanche de direitos idealizada pelos donos de escola terá impactos profundamente prejudiciais para o cotidiano de sala de aula, com consequências também negativas para a formação de nossas alunas e de nossos alunos. É isso que pretendemos evitar. A excelência de nossas aulas depende diretamente de professoras e professores respeitados e assegurados em seus direitos.
Nas assembleias realizadas no SinproSP nos últimos sábados, com a quadra lotada e presença massiva, as professoras e os professores aprovaram várias ações para reforçar e ampliar essa luta – e colocaram-se em estado de greve. Os próximos dias serão marcados por uma série de eventos e novas rodadas de negociação.
Os desafios são muitos, a tarefa é árdua. Não arrefeceremos. Enquanto reforçamos nossa resistência coletiva, sintonizada com os anseios e as esperanças da sociedade, estamos certos de contar com o apoio e a solidariedade de vocês, mães, pais e responsáveis por nossas alunas e nossos alunos, desde sempre, e como nós, também comprometidos com a educação transformadora e de qualidade.
Afinal, uma sociedade que não valoriza suas professoras e seus professores abandona por completo sua perspectiva de um futuro digno e soberano, com desenvolvimento, igualdade e justiça social.
03 de Março de 2018
SINDICATO DOS PROFESSORES DE SÃO PAULO