SinproSP

Brasil tem apenas uma universidade entre as 100 melhores das Américas

Atualizada em 03/03/2005 13:56

Renato M.E. Sabbatini
Boletim Edumed News*

Um estudo recente, intitulado "Academic Ranking of World Universities 2004", mostrou que, das 100 melhores universidades das Américas, 90% pertencem aos EUA, 9% ao Canadá, e apenas uma ao Brasil (a Universidade de São Paulo, em 94o. lugar). Os demais países da América do Norte, Central e do Sul não apresentaram nenhuma universidade no ranking.

No mesmo estudo, em uma listagem das 500 melhores universidades do mundo, aparecem apenas 7 universidades latino-americanas, dentre as quais 4 brasileiras, sendo todas as 3 universidades estaduais paulistas, no 189º 366º e 464º lugar:

184: Universidad Autonoma de Mexico (UNAM)
189: Universidade de São Paulo (USP)
245: Universidad de Buenos Aires (UBA)
361: Universidad de Chile (UC)
366: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
367: Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UFRJ)
464: Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Ainda segundo o mesmo estudo, as 10 melhores universidades do mundo são: Harvard (com nota perfeita, de 969,5 pontos em 1000), Stanford (EUA), Cambridge (UK), Berkeley (EUA), Massachusetts Institute of Technology (MIT), California Institute of Technology (CALTECH), Princeton (EUA), Oxford (UK), Columbia (EUA) e Chicago (EUA). Como se verifica, os EUA detém 8 das 10 melhores universidades do mundo, sendo 3 delas na Califórnia e 3 na Nova Inglaterra. A Inglaterra tem as duas restantes. O rolo compressor americano continua nas 10 colocações seguintes, com mais 9 universidades: Yale, Cornell, San Diego (UCSD), Pennsylvania (UPENN), Los Angeles (UCLA), Madison (UWISC), Ann Arbor e Seattle (UW). Apenas a Universidade de Tokyo aparece como de outro país neste ranking.

No ranking brasileiro, a USP é, portanto, a melhor universidade, seguida pela UNICAMP e UFRJ (praticamente empatadas) e UNESP.

O estudo foi realizado pelo Institute of Higher Education, Shanghai Jiao Tong University, China. Foram usados os seguintes indicadores:

Qualidade da educação (peso de 10%): número de ex-alunos que ganharam prêmios Nobel ou Medalha Fields de Matemática; qualidade do corpo docente (20%): idem entre o número de professores e ex-professores; citações (20%): número de pesquisadores citados altamente em 21 áreas do saber; produtividade científica (20%): artigos publicados nas revistas Nature e Science, artigos no Science Citation Index e Social Science Citation Index (20%); tamanho da instituição (10%): desempenho acadêmico em relação ao tamanho da instituição.

O estudo não levou em consideração outros indicadores objetivos importantes, como o número de teses defendidas e o número de patentes concedidas, ou que são mais difíceis de medir, tais como o impacto da pesquisa das universidades em suas regiões ou países, e qualidade do ensino.

A colocação das universidades latino-americanas pode parecer nem um pouco lisonjeira, mas o grande peso dado a prêmios Nobel entre ex-alunos e professores (30% do peso total) e a artigos publicados nas duas melhores revistas científicas do mundo, Science e Nature (20% do total) sem dúvida é um fator que gera um viés significativo contra as universidades latino-americanas. Frente à dificuldade de conseguir prêmios Nobel de ciência e tecnologia, a única esperança de melhorar seu posicionamento no ranking seria publicar cada vez mais em revistas de alto impacto de citação, o que já vem acontecendo no Brasil há um certo tempo. E também, como afirma freqüentemente o Prof. Carlos Henrique de Brito Cruz, reitor da UNICAMP, aumentando o número de vagas em universidades públicas de pesquisa (veja seu artigo Universidade Pública e Desenvolvimento).

Em um re-estudo feito pelo Prof. Renato Sabbatini, professor da UNICAMP e presidente do Instituto Edumed de Campinas, SP, utilizando os dados originais, e adotando apenas os dois últimos critérios (citações no SCI/SSCI e tamanho), com pesos iguais, a classificação mudou para:

45: USP
100: UNAM
245: UBA
248: UNICAMP
280: UFRJ
341: UNESP
362: UC

Nota-se a queda da UBA no ranking, pelo fato de boa parte da posição dessa universidade ser devida ao seu passado (vários prêmios Nobel, na época em que a Argentina era uma potência científica nas Américas).

Para se ter uma idéia do que significa essa classificação, a USP ficou aproximadamente no mesmo ranking das universidades de Johns Hopkins, Helsinki, California (em Davis e em Santa Barbara), Universidade Técnica de Munique, Edinburgh, Tel Aviv e Seoul. A UNICAMP ficou aproximadamente no mesmo ranking das universidades de Hong Kong, Lyon, Ben Gurion (Israel), Delft (Holanda), Praga e Karlsruhe (Alemanha).

*Fonte: Instituto Edumed

.