Sindicatos reagem contra demissão em massa na Estácio
Atualizado em 08/12/2017, às 12h30
As 1.200 demissões anunciadas pela Estácio devem enfrentar ações políticas e jurídicas organizadas em conjunto pelo SinproSP e outros sindicatos, pela Federação dos Professores (Fepesp) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee). Essa ação coordenada em nível nacional se justifica, já que as demissões estão espalhadas em todo o país.
Além disso, o SinproSP está convocando todos os professores da Estácio para uma assembleia no dia 12 de dezembro, às 18h, no Sindicato. Na pauta, as ações políticas e jurídicas que estão sendo tomadas e também as decisões articuladas em nível estadual e nacional. Antes, no dia 12, o SinproSP se reúne com representantes da Universidade.
Segundo notícias divulgadas na imprensa, os professores demitidos seriam substituídos por docentes contratados a salários mais baixos. Em nota, o Grupo Estácio confirmou o desligamento “para manter a sustentabilidade da Instituição”, sem admitir o número exato das demissões.
Informou também que fará um “cadastro de reserva de docentes para atender possíveis demandas nos próximos semestres, de acordo com as evoluções curriculares”. Em outras palavras, prepara-se para criar um exército de reserva.
A Convenção Coletiva de Trabalho em São Paulo proíbe a contratação de professores por salários mais baixos, ressalvado o enquadramento no plano de carreira. No limite, a Estácio estaria abrindo mão de professores mais qualificados, para contratar docentes com menor titulação ou experiência.
O que ninguém duvida é que demissões desse porte comprometem a qualidade de ensino e estimulam a precarização nas condições de trabalho.
Fale com o SinproSP
O SinproSP está buscando mais informações sobre as demissões na cidade de São Paulo e o relato dos professores, neste momento, é muito importante, pois é isso que orientará as estratégias daqui pra frente. Qualquer notícia escreva para, estacio@sinprosp.org.br
. O sigilo é garantido.O lucro antes de tudo?
O Grupo Estácio é a segunda maior empresa educacional do país. Possui cursos presenciais em Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Paraíba, Roraima e Santa Catarina, mas tem atuação nacional por meio de polos de Ead instalados em todos os estados.
Nascida no Rio de Janeiro em 1970 como instituição familiar, a Estácio passou por um processo de expansão acelerada a partir dos anos 90. Em 2007, lançou ações na bolsa de valores. Hoje, é controlada por um fundo de investimentos.
É hoje um dos quatro grupos educacionais de capital aberto, um desdobramento da entrada de capital financeiro no setor. Os outros são: Kroton, Ser e Ânima.
Em trabalho encomendado pela Fepesp, o professor Oscar Malvessi (FGV/SP) tem estudado os balanços financeiros desses quatro grupos. O resultado mais recente revelou que, entre 2011 e 2015, a receita dessas empresas aumentou 328%, enquanto que a participação dos salários na receita caiu de 40% para 37%.
Isso mostra um modelo de gestão que tem como principal objetivo o lucro transferido para o bolso dos acionistas, quase sempre em detrimento das condições de ensino e de trabalho. Nada mais expressivo do que a notícia divulgada no Portal Exame, dia 06/12: ‘Estácio demite após reforma trabalhista e ações sobem na Bolsa’.