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Audiência pública tem protesto e denúncias contra Unisant′Anna

Atualizada em 30/11/2017 23:38
Diretor do SinproSP, Fábio Zambon, pediu seriedade nas negociações

Eram quase 23 horas quando o deputado Carlos Giannazi (PSOL) deu por encerrada a audiência pública da Assembleia Legislativa, proposta pelo parlamentar para discutir a situação na Unisant′Anna. O auditório estava lotado por professores, alunos e funcionários que fizeram graves denúncias contra a direção da Universidade.

A crise na Unisant’Anna não é nova, mas acabou aprofundada a partir de agosto, quando os professores entraram em greve por falta de pagamento dos salários de maio, junho e das férias. Desde então, a paralisação foi suspensa e retomada sucessivas vezes. A categoria permanece paralisada desde outubro.

Professores

O diretor do SinproSP, Fabio Zambon, relatou a luta dos professores e exigiu da mantenedora uma proposta séria. "Os professores estão abertos ao diálogo, mas não aceitam mais promessas levianas que acabam não sendo cumpridas. Chega de brincadeiras", afirmou Zambon.

O professor Sidnei Ferreira, criticou a gestão da universidade e denunciou os abusos cometidos pela mantenedora.

Para o professor Sidnei Ferreira, a Unisant′Anna não atravessa uma crise, pois a crise é sempre pontual, enquanto que os professores na Universidade são permanentes, como comprova a falta de depósito do FGTS, que ocorre há muitos anos. "O que existe é uma política de gestão trágica. A Mantenedora cometeu abusos, demonstrou falta de palavra, de transparência e de vergonha na cara", protestou o professor.

Já, o professor Cláudio Ricardo Hehl defendeu o bloqueio dos recursos da Universidade para garantir o pagamento dos salários atrasados. Ele também propôs mudança na gestão e o aproveitamento do "banco de talentos" que existe na Universidade. Segundo o docente, o curso de Administração poderia propor soluções. "Queremos garantir a sobrevivência da Instituição", concluiu.

Funcionários

O não pagamento dos salários foi o estopim da greve dos professores iniciada em agosto, mas está longe de ser o único problema. Os funcionários denunciaram que a Unisant′Anna não tem pago o plano de saúde que é descontado dos salários. "Temos que passar pelo constrangimento de saber na hora da consulta que o plano não foi pago". Foram relatados de trabalhadores em licença médica que não conseguem o auxílio-doença porque a contribuição previdenciária não foi recolhida.

Uma trabalhadora administrativa denunciou a desorganização e o estado de abandono da Instituição. Outro representante disse que há colegas que estão passando por muitas necessidades e até fome, porque há seis meses os salários não são pagos integralmente.

Protesto dos alunos

Os alunos acusaram a Instituição de reter documentos para impedir a transferência para outras universidades. Eles responsabilizaram a Direção pela greve dos professores e questionaram o destino das mensalidades escolares, já que elas não foram usadas para pagar os salários de professores e funcionários. Uma estudante deu um depoimento emocionado, dizendo que havia usado verbas rescisórias para pagar todas as mensalidades de uma única vez e agora se via sem aula e sem dinheiro.

O estudante do curso de Biomedicina, Alex Peter, leu uma carta aberta dos alunos exigindo transparência e uma solução. Em entrevista à TV Assembleia, ele defendeu a intervenção do MEC na Universidade caso a situação não seja resolvida. "Nós não temos nem a garantia de encerramento do semestre", afirmou .

Outro lado

A representante dos proprietários da Unisant′Anna, Maria Betânia, também esteve presente. Ela alegou problema nos últimos cinco anos e anunciou a volta de uma gestão profissionalizada, como ocorrera há alguns anos. Não fez nenhuma outra proposta mais concreta e foi bastante criticada.

Providências

O deputado Carlos Giannazi indignou-se com a gravidade das denúncias. "Uma universidade privada é uma concessão púbica e está sujeito aos órgãos de controle. A instituição recebe verbas do Prouni, do Fies". Ele comprometeu-se a acionar o Ministério Público Federal, o Tribunal de Contas da União e o MEC. As denúncias constarão de um dossiê que está sendo organizado pela comissão de alunos, por representantes dos funcionários e pelo SinproSP.

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