Violência que atinge professores não é só física
A agressão física é uma situação extrema, mas não é a única forma de violência a que os professores estão expostos. Há violências mais sutis, veladas, quase naturalizadas no dia-a-dia das escolas. Elas se expressam no desrespeito ao professor, na desautorização pública, na falta de autonomia, no sobretrabalho.
Aqui, é a frequência, mais do que a força, que torna essa pressão tão agressiva.
O que antes era mais comum em escolas de educação básica, agora se dissemina também no ensino superior. Salas de coordenação pedagógica se transformam em depositório de reclamações contra professores, que são chamados a justificar, explicar ou reconsiderar suas atitudes (e as notas também!).
Há uma excessiva responsabilização do professor, como se fosse ele o culpado por tudo o que de ruim acontece na sala de aula. Em muitas escolas, as exigências impostas aos professores contrastam com excessiva tolerância aos alunos, tratados como meros consumidores de uma mercadoria.
Ao mesmo tempo que são cobrados, os professores acabam excluídos de processos decisórios sobre o seu próprio trabalho e os cursos que lecionam.
Essas violências têm-se incorporado no cotidiano do professor, quase sempre camufladas por discursos “pedagógicos”, o que as tornam ainda mais corrosivas.
Elas agridem, produzem sofrimento e deterioram a saúde dos professores. Contra esse estado de coisas e os abusos que são cometidos, a alternativa é a luta diária e coletiva pelo respeito e valorização profissional no local de trabalho, principalmente por aqueles que dirigem ou coordenam as instituições de ensino.