Leme firme
Texto originalmente publicado na Agência Sindical, em 04 de setembro
Por João Guilherme Vargas Neto*
O Sindicato dos professores da rede privada de São Paulo (Sinpro) e a federação estadual (Fepesp) perguntaram a uma amostra de filiados, durante o ano de 2017, por que haviam se associado. A resposta mais abrangente foi a de que procuravam proteção.
À pergunta sobre o porquê da desfiliação (em outra amostra), os entrevistados responderam com as dificuldades financeiras para o pagamento das contribuições.
A rede sindical dos professores de São Paulo, que brilhou no primeiro semestre nas lutas dos trabalhadores contra as deformas, colheu na pesquisa o resultado de seus esforços. Está bem na fita.
A pesquisa servirá para orientar os esforços das entidades em manter os associados, reconquistar aqueles que se desfiliaram e ampliar o quadro associativo.
Há um posicionamento firme de resistência contra as deformas trabalhista e previdenciária e contra as tentativas do patronato de fazer predominar a famigerada lei (antes mesmo de sua vigência) sobre as Convenções negociadas, o que desmascara a hipocrisia patronal do negociado prevalecendo sobre o legislado.
As diretorias, unidas e atuantes, têm realizado inúmeras reuniões que aumentam a compreensão entre os professores das agressões que podem sofrer e das maneiras de resistir a elas, com os Sindicatos e a Federação.
No Sinpro, o presidente reuniu-se com todo o corpo de funcionários, essenciais aos serviços prestados pelo Sindicato, para garantir-lhes a manutenção do emprego e a valorização de seu empenho. O Sindicato rejeita a ideia e a prática do desmanche da ação sindical.
Em cada fim de ano, com a sazonalidade específica dos vínculos de emprego da categoria e o acúmulo de homologações, o Sinpro realizava também um forte trabalho de sindicalização. Este ano, com a vigência da famigerada lei e a suspensão das homologações no Sindicato, mesmo assim a diretoria pretende realizar “homologações virtuais”, orientando os professores, apoiando-os em sua resistência à quebra de direitos ou ao não pagamento correto das verbas rescisórias devidas. O Sinpro estará junto com os professores, lhes dará proteção contra os esbulhos.
É um trabalho elogiável. Se alguns no movimento sindical dão a impressão de estarem embarcados no Titanic, o Sinpro e a Federação dos professores paulistas navegam nos mares revoltos com leme firme.
João Guilherme Vargas Neto é consultor sindical e membro do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar).