Grupo do ′Escola Sem Partido′ impede audiência pública
Entoando palavras de ordem como ‘viva Alexandre Frota’, ‘viva Bolsonaro’ e ‘a direita acordou’, manifestantes a favor do ′Escola Sem Partido′ interromperam a audiência pública na noite de quinta-feira (25), na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O evento foi promovido a pedido do deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) para debater sobre o projeto.
Os manifestantes que defendem o ′Escola Sem Partido′ entraram de forma discreta com faixas, apitos, bandeiras e cartazes escondidos e se misturaram à plateia.
A audiência começou às 19h30 com o deputado anunciando os convidados que comporiam a mesa, inclusive o professor Luiz Antonio Barbagli, presidente do Sinpro-SP. Giannazi explicou que o debate seria aberto à plateia após a fala dos convidados.
Meia hora depois, um dos partidários do ′Escola Sem Partido′, levantou-se e deu o sinal: “Vai ser bagunça? Então, tá!”. Foi então que os demais manifestantes sacaram apitos, ergueram cartazes e se dirigiram em direção à mesa. A confusão começou e seguiu até perto das 22h.
“A direita acordou”
Cantarolando ‘Oooh! Direita acordou... Direita acordou...’, os manifestantes levantavam cartazes onde se liam “Bolsonaro Mito”, “Cadê o Nagib?”, (Miguel Nagib, advogado que idealizou o projeto Escola Sem Partido), “Olavo tem razão” (Olavo de Carvalho, cronista ultraconservador). Também havia cartazes pouco elogiosos à presidenta Dilma Rousseff e à União Nacional dos Estudantes.
O deputado Giannazi tentou diversas vezes pedir calma e avisou que o microfone estava aberto a todos os que quisessem debater o projeto. Depois, desceu em direção ao grupo mais exaltado em mais uma tentativa de acalmar os ânimos e dar continuidade ao evento. Sem sucesso, ele ainda foi vaiado pelos manifestantes.
As pessoas contrárias ao ′Escola Sem Partido′ reagiram. Improvisaram cartazes pedindo o debate, acusaram o grupo contrário de fascistas e reclamaram, em coro, uma "escola sem censura".
A Polícia Militar, que faz a segurança da Alesp, chegou e sugeriu retirar a força os apoiadores do ′Escola Sem Partido′ do local. O deputado não permitiu.
Repúdio
Giannazi prometeu uma nova audiência pública. “Eles [os manifestantes] pensam que venceram, mas saíram desmoralizados. Essas imagens vão circular na internet, nas redes sociais”, disse.
Perguntado sobre o comportamento dos manifestantes, o deputado respondeu: “É um grupo truculento a serviço de um movimento pequeno, mas que faz muito barulho. Eles estavam no armário, escondidos, e agora, num momento de conjuntura muito conservadora, têm espaço para se manifestar. Mas isso passa. Eles se comportaram de forma autoritária, antidemocrática, truculenta, ignorante”.
O presidente do Sinpro-SP, Luiz Antonio Barbagli, criticou a postura dos manifestantes. Para Luiz, "essas atitudes mostram que o ′Escola Sem Partido′ pode criar um fanatismo sem conteúdo". E completou: “A escola livre produz conhecimento e debate de qualidade, enquanto a Escola Sem Partido pretende idiotizar os alunos, fazê-los capazes de engolir qualquer coisa, vulneráveis a ideias totalitárias e violentas”.