Inflação alta é o grande desafio da Campanha Salarial
Com data base em 1º de março, os professores têm pela frente um grande desafio: o aumento acelerado do custo de vida. Entre março de 2015, data do nosso último reajuste, e fevereiro de 2016, a inflação acumulada pode superar os 10%.
A última vez que o índice bateu a casa dos dois dígitos na nossa data base foi em 2003. Naquele ano, a inflação chegou a 16,42%.
A corrosão salarial torna a luta pelo reajuste ainda mais importante. Quanto maior a inflação, mais urgente é a necessidade de recompor e ampliar o poder de compra. Nem sempre essa é uma tarefa fácil...
É necessário lembrar que a reposição da inflação é um dos ítens que compõem as reivindicações econômicas. Também fazem da pauta o aumento real, participação nos resultados e/ou outros benefícios que ampliem o poder aquisitivo.
Começo do ano surpreende
Três indicadores de inflação são importantes na campanha salarial dos professores: ICV-Dieese, INPC-Ibge e IPC-Fipe. Historicamente, a média aritmética desses índices tem sido adotada como critério para a discussão da reposição inflacionária nas negociações salariais, na educação básica e no ensino superior.
Os três indicadores têm tido um comportamento semelhante desde a última data base. Subiram de forma acelerada e ininterrupta a partir de agosto, tiveram ligeira desaceleração em dezembro e estão surpreendendo em janeiro, com alta acima do esperado. As projeções indicam que eles devem superar a marca de 1%, pressionados principalmente pela alta na alimentação, tarifas de transporte e despesas com educação. Os índices definitivos serão conhecidos na primeira semana de fevereiro, antes do carnaval.
Projetando uma inflação de 1,10% em janeiro e 0,8% em fevereiro, a média dos três indicadores deve ficar em 10%, entre março/2015 e fevereiro/2016.
*O ano de 2016 considera projeção de inflação de 1,1% em janeiro e 0,8% em fevereiro
O ano de 2003
A última que os professores enfrentaram uma inflação de dois dígitos na data base foi em 2003, quando chegou a 16,42%.
Depois de uma campanha salarial barulhenta e prolongada, foi possível chegar a um acordo com os mantenedores do ensino superior e com os representantes do Sesi e Senai.
Na educação básica, as negociações foram interrompidas e o Sinpro-SP ajuizou ação de dissídio coletivo na Tribunal Regional do Trabalho. O julgamento ocorreu em novembro de 2003 e acabou vitorioso para os professores. Começou, então, uma nova etapa: exigir o cumprimento da sentença nas escolas.
Isso mostra que as dificuldades podem ser superadas. Pra isso, é preciso o engajamento de toda a categoria na Campanha Salarial.