Mais educação, ministro!
‘‘Se nós formássemos os nossos médicos como formamos nossos professores, íamos ter uma crise na saúde dramática. Porque, se um médico chegar à frente de um paciente e começar a refletir sobre a teoria da saúde, ética e saúde, o paciente morre".
Aloísio Mercadante, ministro da Educação.
E se nós, professores, contássemos com um ministro mais bem educado, certamente não teríamos nos deparado com tamanha grossura.
A analogia de mau gosto faz parte de uma entrevista publicada pelo Jornal Folha no jornal Folha de S. Paulo (28/11). Nela, Mercadante volta a repetir o palavrório que adotou inúmeras vezes em sua primeira gestão (2012-2014).
O ministro critica a formação dos professores, defende a bonificação dos docentes mediante resultados obtidos em avaliações externas e vê com simpatia parcerias das escolas públicas com a iniciativa privada.
Nada muito original dos discursos que se repetem como um mantra desde os anos 90. Mercadante se junta ao grupo de “especialistas” que nunca deram aula na educação básica, mas acreditam ter na ponta da língua a solução de todos os problemas. E apontam o dedo numa única direção: os professores.
Conteúdo pouco atrativo, didática menos ainda, falta de diálogo entre as disciplinas. Culpa de quem? Dos professores, é claro. Aqueles que, segundo o ministro, matariam o paciente se fossem médicos.
E quais as causas? Antes os professores eram acusados de chatos, “conteúdistas”, excessivamente teóricos e até mesmo autoritários. Hoje, são simplesmente mal formados. Muda a explicação, mas a falta de respeito profissional continua a mesma.
Ainda que Mercadante acredite nisso, na próxima vez deve ser mais cuidadoso na escolha das palavras e usar uma receita bastante simples. Basta ser mais educado, ministro!
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Carta ao Ministro Aloísio Mercadante, enviada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino