Eventos

Evento discute conjuntura econômica

Atualizada em 24/09/2015 13:33

Com os professores Marcio Pochmann (Unicamp) e Paulo Sandroni (FGV-SP) à mesa, na última quinta-feira (24), ocorreu mais uma edição da série Diálogos Fepesp. Promovido pela Federação dos Professores do Estado de São Paulo, e sediado no Sinpro-SP, o evento contou com a presença de representantes dos 27 sindicatos que integram a Federação. Na ocasião, foi discutida a conjuntura economia do país, a fim de traçar estratégias para a Campanha Salarial unificada 2016.

O primeiro a falar foi o professor da FGV, Paulo Sandroni, que se propôs a explicar o motivo do Brasil ter parado de crescer.

Para tal, buscou argumentos na história recente do país. Partindo da situação economia dos anos 1950 até 1970, na qual a taxa de crescimento girava em torno dos 6,5% ao ano, se o Brasil mantivesse o mesmo ritmo de crescimento hoje seria a 2ª maior economia do mundo. Apenas atrás dos Estados Unidos.

Contudo, segundo Sandroni, o país se perde a partir de 1972. Enquanto nos primeiros anos da década de 1970 as taxa de inflação brasileira estava por volta dos 15%, em 1982 ela atinge os 100%. Para tentar reaver a confiança dos investidores externos, o Brasil adota uma série de medidas restritivas para combater o endividamento que culminam em um estrangulamento financeiro da nação. Algo parecido com o que acontece atualmente.

Ainda que em o Plano Real, lançado em 1994, tenha dado ao país uma possibilidade de respirar, as contas a partir de 1995 não fechavam. A dívida externa e a falta de credibilidade do Brasil no plano internacional só aumentavam. Como por exemplo, em 2005, seria necessário reservar 5% do PIB para quitar somente os juros da dívida externa.

O professor da FGV acrescentou também que a atual conjuntura econômica é fruto do governo insustentável que temos. Uma vez que o crescimento do Produto Interno Bruto depende da taxa de investimento, nos tornamos reféns dos empresários, que não aplicam dinheiro no país, pois não acreditam na possibilidade de crescimento do Brasil. A recessão torna-se um ciclo cinético negativo.

Já Marcio Pochmann explicou que a crise que vivemos hoje tem cunho mais político do que econômico. Para ele, o capitalismo é como um rio: sempre em movimento, com possibilidades de enlarguecer ou retrair suas margens, mas sempre seguindo o mesmo curso. Que crises como a que o Brasil vive hoje são como uma cheia, na qual alguns peixes podem, a partir do transbordamento do rio, saírem dessas águas.

De acordo com o professor da Unicamp, uma vez que o país não está no centro dinâmico capitalista, ele tem a chance de experimentar um novo modelo de negócios.

Pochmann explicou que, assim como hoje, houve duas outras grandes oportunidades perdidas pelo Brasil de mudar o rumo de sua política econômica. Primeiro em 1880 e depois em 1930, momentos em que poderiam ter sido feitas reformas agrárias e nas tributações. Contudo os que governavam preferiram ceder aos interesses dos endinheirados a fazer as mudanças necessárias para o país avançar. Antes os cafeicultores, hoje os empresários.

O maior problema do Brasil atual, segundo Marcio Pochmann, é a incapacidade de formar uma força heterogenia que dê início a um projeto de expansão. Que estamos diante de um sistema político herdado, no qual Estado e Mercado têm uma relação mais do que viciada.

Tanto Sandroni quando Pochamann acreditam que a conjuntura atual se mostra como um cenário difícil para as negociações salariais em 2016, contudo saudaram a iniciativa da Fepesp em promover um evento que visa preparar os diretores sindicais.

.