SINPRO-SP solidário com a greve dos professores na PUC-SP
Luiz Antonio Barbagli
Presidente do SINPRO-SP
Na maior manifestação realizada na PUC desde os anos 70, alunos, professores e funcionários se reuniram em assembleia, no último dia 21 de novembro, no Tuca, em repúdio ao ato de desrespeito do Cardeal D. Odilo Scherer na escolha para o reitor da instituição. O ato revela a grande energia política na universidade em favor da democracia. |
Professores, estudantes e funcionários da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) estão em greve. O motivo já é bastante conhecido em vista da publicidade que o fato teve na imprensa, mas não é demais apontar aquele que é, na visão do SINPRO-SP, o fator gerador dessa nova crise que se instala na rua Monte Alegre: a prepotência atrapalhada e autocrática com que o Cardeal D. Odilo Scherer desprezou a vontade da maioria dos que participaram da escolha do novo reitor da instituição. O Grão-Chanceler preferiu indicar o nome da última colocada na eleição, descartando a continuidade da gestão do prof. Dirceu Melo, atual reitor da PUC-SP, o mais votado na escolha direta de outubro.
O gesto do Cardeal Scherer tem fundamento legal nos estatutos da Fundação São Paulo que lhe dá a prerrogativa de escolher um nome entre os integrantes da lista tríplice que emerge da consulta à comunidade. No entanto, se é legal do ponto de vista da norma estatutária, fere profundamente a legitimidade de um processo que encontra sustentação não apenas na tradição construída na própria PUC-SP, sempre respaldada pela Cúria Metropolitana nos diversos momentos em que a instituição se dispôs a lutar contra o arbítrio e o obscurantismo de qualquer tipo, como ainda destoa do clima de emancipação que a sociedade brasileira vive hoje em diversos de seus segmentos.
Agindo como agiu, o Grão-Chanceler vai na contra-mão de tudo o que tem feito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo uma referência acadêmica de vanguarda nacional, no ensino e na produção científica, em que pesem as difíceis condições financeiras em que vive. Além disso, caso obtenha sucesso na queda-de-braço que disputa agora com o movimento grevista coloca própria escolhida para o cargo de reitora numa situação de constrangimento político-administrativo que certamente contribuirá para que a crise se prolongue por muito tempo ainda.
O Sindicato dos Professores de São Paulo repudia a postura autoritária da FUNDASP expressa no ato discricionário de D. Odilo Scherer e hipoteca seu apoio aos professores e a todos os demais integrantes da comunidade puquiana. Ao mesmo tempo, coloca-se à disposição de todas as partes na busca de uma solução que preserve a tradição democrática com a qual a Universidade brasileira precisa reaprender a respeitar.