Resultados do Ideb comprovam deficiências no ensino básico
Por Luiz Antonio Barbagli
Presidente do SINPRO-SP
Os dados do Ideb divulgados nesta semana comprovam que a educação básica deve ser hoje o grande foco do debate nacional. O resultado da última avaliação (2011), na comparação com a anterior (2009), registra pouquíssimos avanços em qualidade nas séries iniciais do ensino fundamental, situação que se atenua nas séries finais. E o pior é a estagnação revelada no ensino médio. Em dois anos, não houve evolução em termos de qualidade.
Ainda que os números mostrem diferenças entre as redes públicas e privadas, com vantagem para a segunda, de uma maneira geral a situação é preocupante nos dois sistemas. As escolas particulares também não cumpriram, em termos nacionais, as metas estabelecidas pelo MEC.
Para o SINPRO-SP, esse quadro mostra a urgência com que a educação básica no país deve ser cuidada. Como já mencionado (leia aqui artigo), o projeto das cotas nas universidades federais, não mexe na raiz do problema. O foco na busca pela equidade no processo educacional – e que, evidentemente, se traduz em melhores oportunidades para os cidadãos brasileiros – deve ser o ensino básico.
Promessas de mudanças
O Ministério da Educação já se apressou em ressaltar a necessidade de mudanças, em especial no ensino médio. Entre as questões apontadas como problemáticas está o excesso de disciplinas no currículo escolar.
Curiosamente, nos últimos anos várias disciplinas foram incorporadas de forma obrigatória ao currículo oficial, com alterações na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, fazendo com que as escolas tivessem que ajustar suas grades para atender de forma compulsória as demandas. Esse processo permitiu a pulverização de conteúdos e dispersão dos núcleos essenciais.
Trata-se de uma questão que preocupa o SINPRO-SP há algum tempo. Em várias ocasiões nossa entidade tem buscado possibilidades de reflexão sobre o tema.
A exemplo da reportagem divulgada em junho deste ano na Revista GIZ, publicação digital do Sindicato, que discute justamente a necessidade de um currículo escolar mais fluído. O pesquisador José Carlos Costa, apontou o nivelamento por parte dos gestores públicos e como a questão econômica se impõe no processo de engessamento. “O Estado determina um currículo raso, mas fácil de aplicar e barato, e as escolas privadas acham ótimo, porque ganham na quantidade e não precisam investir em mais professores, mais salas de aula, espaços diferenciados”, provoca.
Investimento no professor
Inevitavelmente, quando se coloca em debate a qualidade na educação vem à tona a necessidade de investimento no professor. Ou seja: oferecer oportunidades de estudo, de aprimoramento; investir em condições adequadas de trabalho e de ascensão na carreira do magistério e, principalmente, em bons salários.Não há outro caminho. Será necessário por isso em prática, de fato, para mudar a atual realidade da educação básica.