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Projeto das cotas coloca em debate a qualidade do ensino básico

Atualizada em 14/08/2012 14:51

Por Luiz Antonio Barbagli
Presidente do SINPRO-SP

O SINPRO-SP acompanha com atenção os desdobramentos do projeto de lei que estabelece cotas nas universidades brasileiras. Os possíveis impactos no ensino superior, mas especialmente o que acredita ser o grande tema do debate: a qualidade do ensino básico do país.

A desigualdade de acesso e oportunidades no ensino, que tem como vitrine o acesso à universidade, acontece bem antes, nas séries iniciais da escolaridade. Os números oficiais mostram que o acesso à escola – que beira à universalização, em termos nacionais – não se traduz em qualidade de ensino e aprendizagem. Há problemas graves e, desde cedo o desequilíbrio entre o público e o privado se estabelece.

Depois, intensifica-se no ensino médio, com a competição historicamente capitaneada pelo vestibular. Por muito tempo, a Fuvest foi um modelo de seleção para o ingresso ao ensino superior seguido por boa parte das universidades. Os conteúdos cobrados naquela prova nem sempre foram compatíveis com o que era ensinado em escolas do país. Aliás, em boa parte dos casos não traduziam a realidade. Ainda assim, era o referencial do processo seletivo das universidades. Evidentemente, as escolas que melhor “treinavam” seus estudantes eram aquelas que apresentam os melhores resultados.

Com a chegada do Enem, esse processo pode ter se tornado menos intenso, mas ainda se estabelece com importância, como apontaram os professores em mesa-redonda sobre o Enem realizada pelo SINPRO-SP no final de 2011, ( leia aqui a reportagem). A cobrança e competição criada pelas escolas particulares com objetivo de ver seus alunos aprovados nas principais universidades do país – a maior parte delas públicas – continuam fortes no jogo.

Desafios para o ensino básico

Ironicamente, a proposta que está nas mãos da presidente Dilma e pode ser sancionada nos próximos dias tem a possibilidade de criar novas configurações no ensino de base no país. Não de imediato, mas em longo prazo. Afinal, com a metade das vagas das universidades federais reservada aos alunos oriundos do ensino público, a escola particular pode assistir a um processo migratório de estudantes.

E como as instituições de ensino podem enfrentar esse desafio? Certamente terão de investir cada vez mais em qualidade. Ou seja: oferecer oportunidades de qualificação e aprimoramento aos professores, bons recursos de ensino, instalações adequadas e bom planejamento. Não há outro caminho. Na avaliação do SINPRO-SP, a grande contribuição que se estabeleceu no país com o debate sobre as cotas é justamente o da elevação da qualidade na busca pela igualdade de acesso. Afinal, qualidade em educação sempre será valorizada, sempre será importante.

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