Começa 29ª Bienal de São Paulo
A Bienal de Arte de São Paulo chega a sua 29ª edição esse ano com o título “Há sempre um copo de mar para um homem navegar” – verso do poeta Jorge de Lima, de sua obra maior, Invenção de Orfeu (1952). O mote sintetiza o objetivo desse próximo evento: “afirmar que a dimensão utópica da arte está contida nela mesma, e não no que está fora ou além dela” como cita o próprio material da exposição.
A Bienal apresenta produções artísticas nacionais e estrangeiras e é o principal evento da Fundação Bienal de São Paulo, uma das instituições de promoção de arte contemporânea mais reconhecidas mundialmente.
A novidade, este ano, fica por conta de um projeto pioneiro que pretende aproximar professores, educadores e líderes comunitários das artes, orientando-os no trabalho com os alunos. A educadora e artista plástica Débora Paiva esteve no SINPRO-SP em junho e apresentou os principais conteúdos a serem abordados no evento. “A Bienal não é só para pessoas afins. Tem que ser educativa, pois é um dos poucos contatos que se tem com a arte contemporânea no mundo inteiro”, afirmou na ocasião.
Arte e política
O tema dessa edição está ancorado na ideia de que é impossível separar arte e política, pois a arte possui um olhar crítico que possibilita a reflexão. Toda a organização da Bienal contará com obras de cunho político, que provocam certa mudança no comportamento humano. “Não é papel da arte fazer revolução, essa função é da história. A arte muda na subjetividade, na cabeça de cada um”, disse Débora. A bienal será dividida em seis espaços de convívio e reflexão chamados de “terreiros” - termo popular brasileiro que representa “local de encontro” – que irão expor diversas obras temáticas. Confira:
“A pele do invisível”: o primeiro terreiro apresentará, em geral, fotografias, abordando aquilo que permanece invisível aos nossos olhos durante o dia-a-dia. Obras de artistas como Alice Miceli, Marcelo Silveira e Miguel Rio Branco estarão nesse espaço.
“O outro, o mesmo”: esse espaço questiona “quando você enxerga algo do outro em você?”, retratando o processo de identidade, como na obra “cicatrizes do conflito”, de Sophie Ristelhueber.
“Longe daqui, aqui mesmo”: nesse terreiro serão abordadas situações utópicas, que não podem ser concretizadas, mostrando como a arte pode mudar a vida. A obra de Sandra Gamarra, retratando fotos dentro de um museu, é um exemplo. A artista peruana só teve contato com a arte por meio de livros e revistas quando criança.
“Dito, não dito, interdito”: terá obras que revelam certo inconformismo, como “Inserções em Circuitos Ideológicos”, de Cildo Meireles. O artista inseria frases de protesto em garrafas de coca-cola e as devolvia para circulação no mercado.
“Lembrança e esquecimento”: questiona “do que é feita a memória?”, como as fotos de Deimantas Narkevicius, que mostram a retirada da estátua de Lênin, logo após a queda do muro de Berlim, na Alemanha.
“Eu sou a rua”: tem como questionamento “como começar uma cidade?”, com obras de artistas como Flávio de Carvalho e Jeremy Deller.
A mostra vai até 12 dezembro
Horários:
- De segunda a quarta, das 9h às 19h;
- quinta e sexta, das 9h às 22h;
- sábado e domingo, das 9h às 19h
Local: Bienal de São Paulo - Parque Ibirapuera - Portão 3 - Pavilhão Ciccillo Matarazzo. Entrada gratuita
Informações: 5576-7600Para pesquisar:
▪ Site da 29ª Bienal de SP
▪ Canal da Bienal no YouTube
▪ Lista de artistas da 29ª Bienal