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Sistema brasileiro corta custos na informatização de escolas

Atualizada em 05/05/2005 16:46

Spensy Pimentel
Agência Brasil

Uma empresa brasileira de software (programas de computador) inventou um sistema que permite reduzir em pelo menos dois terços os custos para a implantação de redes de computadores em locais como escolas e microempresas, ou mesmo cibercafés. A invenção permite utilizar uma só unidade de processamento ( o "cérebro" do computador) para conectar até seis conjuntos de monitor, teclado e mouse, atendendo simultaneamente o mesmo número de usuários.

O Comitê de Implementação do Software Livre no Governo Federal considera a inovação como modelo e diz que ela poderá ser aproveitada em projetos públicos da área de educação e de apoio à pesquisa e a microempresas. "Esse projeto mostra que a indústria nacional tem condições de oferecer soluções inovadoras em software livre que podem reduzir muito os custos sem perda de qualidade e sem incentivar a pirataria", afirma Sérgio Amadeu, coordenador do comitê e presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, ligado à Casa Civil da Presidência da República.

A inventora do "Six System" é a Insigne, empresa de Campinas que atua no desenvolvimento de software livre. É dessa forma que são chamados os programas de computador cuja reprodução é gratuita e livre – ou seja, copiar o programa não é considerado pirataria. Empresas como a Insigne ganham dinheiro com serviços de suporte, ou seja, elas dão manutenção para a instalação dos programas e no caso de eventuais problemas técnicos.

Em 2004, a empresa inventou o Six System, que permite a até seis usuários utilizar um só computador simultaneamente. Na prática, o sistema substitui seis computadores, baixando os custos com equipamentos em cerca de 40% a 50%. No caso dos programas, segundo cálculo feito pelo ITI, o uso do software livre traz economia ainda maior, superior a 80%. No total, a redução de custos fica em torno de 62,5%.

Ainda segundo o cálculo do ITI, a instalação de seis computadores com memória de 512 Megabytes e monitor de 15 polegadas, com programas proprietários, ficaria em R$ 14,3 mil. Já uma configuração semelhante usando o Six System custaria R$ 5,35 mil – o preço já prevê o acompanhamento técnico para os programas durante um ano.

Hoje, para montar um laboratório escolar de ensino de informática, por exemplo, que sirva para 18 alunos, é preciso comprar 18 computadores. Com o novo sistema, seria preciso adquirir só três unidades. O sistema também pode ser útil para pequenos empresários. "Hoje, quase 50% das microempresas do país não são informatizadas. Quando você fala em inclusão digital num país como o nosso, envolve muito essa questão do dinheiro", diz João Pereira da Silva Jr., diretor da Insigne.

Na solução técnica criada pela empresa, a única modificação no hardware (a parte física do computador, em oposição ao software – em inglês, "soft" – mole, flexível – é antônimo de "hard" – duro, rígido, concreto) é a implantação de mais cinco placas de vídeo, que alimentam os monitores. Todo o resto da solução consiste em ligar as unidades por cabos do tipo USB.

O pacote de programas livres utilizado pela Insigne pode ser obtido gratuitamente pela internet. Segundo a empresa, ele já é reproduzido em países como os Estados Unidos e o Iraque. Atualmente, a Insigne diz que vários fabricantes brasileiros de computador já estudam a fabricação de unidades Six System. A empresa vem aperfeiçoando o sistema para que ele possibilite também a reprodução de som nas diferentes unidades.

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