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Ariano Suassuna, o cavaleiro que protege uma donzela chamada Cultura Brasileira

Atualizada em 30/09/2011 16:27

“De um lado estão os que concordam comigo, do outro estão os equivocados”.
Com muito bom humor e alguns “causos” sobre a sua vida, o grande literário Ariano Suassuna ministrou no dia 29 de setembro, em evento especial do SINPRO-SP, a sua aula espetáculo.

Apaixonado pela cultura brasileira, o Dom Quixote sertanejo não luta contra moinhos de ventos, mas pela valorização da cultura regional e brasileira.

“Antigamente os intelectuais só consideravam arte brasileira o que veio depois da descoberta dos portugueses e ignoravam a arte indígena por preconceito. Desde menino eu me tornei admirador da unidade da diversidade.
E por isso eu procuro a essência do brasileiro. Por todas as cidades que eu fui eu tenho encontrado sempre o mesmo povo”.

Ainda sobre a arte e cultura, Suassuna diz que não é contra a globalização, porém acredita que perdemos um pouco do senso de distinção entre o que é feio ou não. “Os meios de comunicação de massa estão perdendo a noção do que é errado. O povo está neutralizado. Eu gosto da cultura estrangeira, de Molière e Dostoievski. Eles contribuíram para a minha formação. Mas não queiram me fazer acreditar que Lady Gaga é bom. Claro que eu sou arcaico, eu não tenho tempo para mau gosto”.

Com uma língua afiada como ele mesmo se define, ele explica o por que se der um defensor das manifestações culturais brasileiras“. Há uma diferença entre êxito e sucesso. Compare uma banda de rock à Machado de Assis. Rolling Stones, por exemplo. Se me perguntarem se eu quero entrar para o Rolling Stones ou ser Machado de Assis, eu não tenho dúvida. Quero ser Machado de Assis, por que mesmo depois de dois séculos ele ainda está vivo, ou seja, tem êxito. A banda de rock tem muito mais sucesso do que o autor, mas quero ver daqui dois séculos alguém saber quem foram eles”.

Vida e paixões

Desde que foi alfabetizado, o menino nascido na Paraíba, já demonstrava o gosto pelos livros. “Eu ia para a escola pela manhã e depois chegava em casa, deitava na cama para ler um livro e um mundo novo se abria para mim. Eu não tenho o hábito da leitura, eu tenho paixão”.

Do seu outro fascínio, o circo, fica a lembrança do um divertido personagem, o palhaço Gregório. “O povo brasileiro gosta muito de rir e de fazer rir. Eu admiro o palhaço, queria ser palhaço. Eu também lembro das equilibristas, achava lindo aquelas meninas com saia de ballet andando encima de um cavalo. Uma vez me apaixonei por uma”.

Após sua apresentação, Suassuna concedeu entrevista ao SINPRO-SP. Confira abaixo. em breve, o Sindicato disponibilizará a íntegra do evento. Aguarde.

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