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Ricardo Maranhão fala sobre cultura gastronômica no SINPRO-SP

Atualizada em 14/05/2010 17:21

Em palestra realizada na quinta-feira, dia 13, no auditório do SINPRO-SP, o professor e pesquisador Ricardo Maranhão falou sobre a deformação do conceito de gastronomia e a reinvenção da culinária ao longo da história.

Maranhão explicou que o termo “gastronomia” tem o cunho de luxuosidade e é associado às elites e à culinária francesa desde o período colonial. Antigamente, a elite brasileira tentava imitar os costumes europeus. Mas trazer para o Brasil os mesmos alimentos que se comiam em Portugal era uma tarefa árdua, uma vez que a comida estragava facilmente.

Assim, a culinária regional passou a se desenvolver. Não pela fartura de alimentos, mas pela escassez, que fazia com que os povos recriassem seus alimentos ao longo dos anos. “Em locais muito pobres, os camponeses ficavam apenas com miúdos de carneiro, que foram aproveitados e deram origem a pratos finíssimos”, afirmou Maranhão.

Veja entrevista com Ricardo Maranhão

No Brasil, a culinária portuguesa foi se misturando à mestiça. Os índios criavam patos e galinhas, enquanto os portugueses traziam milho, feijão e farinha de mandioca, que constituíram diversos pratos.

No entanto, a culinária mais valorizada ainda era a francesa. A mudança só ocorreu com a chegada dos imigrantes no início do século XX, quando os trabalhadores urbanos introduziram restaurantes populares e cantinas.

A culinária nordestina é o grande retrato do requinte e da sofisticação que o povo emprega à sua alimentação. “A abundância de terras foi um dos fatores que propiciou essa culinária rica, que utiliza abóbora, quiabo e outros legumes para acompanhar a carne de sol. Tudo deu origem à comidas muito bem elaboradas, como o vatapá”, disse o pesquisador.

Para ele, até nosso arroz com feijão de todo dia é bem elaborado. “O homem não come sempre a mesma coisa. É da própria natureza humana querer reinventar, criar seus próprios alimentos”.

Fotos: Maíra Soares

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