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Começa o 16o Congresso de Língua Protuguesa

Atualizada em 29/04/2016 00:40

Com o tema “História, memórias e intersecções lusófonas”, começou na última quinta-feira (28) a 16ª edição do Congresso de Língua Portuguesa. Realizado pelo Sinpro-SP, a PUC-SP, e o Instituto de Pesquisas Linguísticas da PUC-SP, com o apoio da Fapesp, o evento sedia também o 7o Congresso Internacional de Lusofonia.

Para a conferência de abertura foram convidados para compor a mesa a Profª Sonia Netto Salomão, da Universidade de Roma, o Profº José Eduardo Franco, da Universidade de Lisboa, e o Profº José Luiz Fiorin, da USP.

Primeira a falar, a Profª Sonia debateu sobre o papel do tradutor nas obras. Seria este um adaptador ou o a tarefa está mais próxima de uma co-autoria? Para responder à pergunta, Sonia citou o linguista russo Roman Jakobson, que em artigo publicado no ano de 1959, afirmou que a tradução deve ser a equivalência na diferença.

A professora também trouxe a dificuldade de traduzir algumas palavras que, no contexto que foram usadas, tem um sentido específico no idioma original da obra. Como exemplo, ela destacou uma passagem da Dom Casmurro em que o termo ‘agregado’ precisava ser traduzido para o italiano. Por isso, Sonia explicou que o tradutor, além de ter domínio sobre a língua também precisa conhecer sobre história e a cultura local.

O próximo a falar foi o Profº José Luiz Fiorin, que discutiu a construção da identidade linguística brasileira. Segundo ele, no ano de 1500 eram faladas mais de mil línguas no Brasil. Já no séc XVII, 17 idiomas e dialetos ainda eram utilizados, enquanto o Português só era aprendido nas escolas (apenas no século seguinte ele se faria quase totalmente inserido na vida da população). Por isso que, para Fiorin, no Brasil a independência da língua era tão importante quanto a independência política.

Outro tema que tratado pelo professor foi o processo paradoxal de triagem na sociedade relatado a partir da literatura. Utilizando-se de obras como ‘O guarani’, ‘O bom criolo’, ‘Braz, Bexiga e Barra Funda’, Fiorin mostra que o mesmo país que se autodescreve como celebrante da mistura é o mesmo que excluí e recalca aquilo que, de acordo com seus interesses, não cabe ou faz parte desse mix cultural.

Em seguida, o Profº José Eduardo Franco trouxe a era pombalina para a sua fala. Narrou que entre as reformas propostas pelo Marquês de Pombal, no que tangia a maior colônia portuguesa, estava a imposição, por lei, de que o Português lusitano fosse a única língua falada e ensinada em terras brasileiras. Ao ponto dos jesuítas serem expulsos do Brasil pois eram considerados muito flexíveis com as línguas locais, uma vez que catequisavam os índios em seu idioma.

Programação

O Congresso continua nos dias 29 e 30. Na sexta-feira, haverá mesas redondas e minicursos. No sábado, uma mesa literária contará com os escritores Ferreira Gullar e Ruy Castro e a Profa. Dra. Neusa Bastos, professora da PUC e do Mackenzie e diretora do Sinpro-SP.

O encerramento contará com a participação dos professores Evanildo Bechara (Academia Brasileira de Letras e UERJ), Regina Célia Pagliuchi da Silveira (IP/PUC-SP) e Luiz Costa (Timor Leste).

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