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Audiência pública expõe problemas na Anhanguera

Atualizada em 10/02/2012 16:08

Em audiência pública realizada no último dia 8, na Assembleia Legislativa, professores, alunos e dirigentes sindicais relataram por mais de duas horas os problemas vividos em diversas instituições de ensino superior em São Paulo recentemente adquiridas pelo grupo Anhanguera Educacional.

O ponto de partida foram as demissões em massa de docentes. Em todo o estado, o número de dispensas chega a 1,5 mil. De acordo com levantamento feito pela Federação dos Professores (FEPESP), a maioria desses professores tem titulação acadêmica, ou seja, são mestres e doutores.

O presidente do SINPRO-SP, Luiz Antonio Barbagli, destacou durante a audiência que o fato de a Anhanguera ser uma empresa de capital aberto é algo novo nas relações com os mantenedores. Trata-se de um outro parâmetro econômico, que exige lucro. E os reflexos dessa dinâmica já começam a ser vistos: além da demissão em massa de professores, aumento no número de alunos por sala de aula e o sucateamento do salário docente.

Celso Napolitano, presidente da FEPESP, ponderou sobre o impacto que o “modelo Anhanguera” de negócio terá no ensino privado e na qualidade da educação no país nos próximos anos. Em sua análise, a educação estaria sendo colocada como um detalhe em meio a uma grande operação financeira.

Padrão Anhanguera

A Anhanguera trabalha com um padrão único de ensino que vem sendo disseminado por todas as unidades espalhadas pelo país, com aulas presenciais e também aulas de EAD a partir de uma plataforma central, seguindo um sistema. A empresa também disponibiliza material didático customizado a seus alunos.

Mesmo que o impacto desse novo modelo educacional ainda não esteja totalmente dimensionado uma questão não pode ser ignorada desde já: a Anhanguera tem boa parte de seus alunos inscritos nos programas ProUni e Fies. Ou seja: há dinheiro público envolvido no processo.

Após os depoimentos durante a audiência, foi possível constatar que os problemas não totalmente conhecidos. Os professores - que ainda não sabem a carga horária para o semestre - tentam entender as mudanças e sobreviver ao clima de ameaças. Os mestres e doutores que ficaram podem ter seu contrato de trabalho alterado, prestando serviços a uma fundação ligada à Anhanguera, como denunciou uma das professoras.

Os estudantes começam a se mobilizar para cobrar da empresa compromisso com a qualidade no ensino e prometem um movimento no dia 28 de fevereiro, nas unidades da Anhanguera.

O deputado estadual Carlos Gianazzi, responsável pela convocação da audiência pública, informou que todas as denúncias feitas seriam encaminhadas ao MEC e que ele vai trabalhar para tornar pública a situação vivida pelos professores e estudantes da Anhanguera, acionando a Comissão de Educação da própria da Assembleia Legislativa, da Câmara dos Deputados e do Senado.

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