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24/11/1861 Nasce o precursor do Simbolismo, Cruz e Sousa

Atualizada em 24/11/2011 13:56
“Sobre os frescos rosais
Pousava débil, sutil,
Doirando tudo de um risonho abril
Feito de beijos e de madrigais.

Que doce embriaguez
O vôo assim seguir
Da borboleta azul, correndo, a vir
Do espaço pela Etérea candidez!”

Há exatos 150 anos nascia em Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, João da Cruz. Filho de escravos alforriados, ainda menino foi adotado pelos antigos senhores de seus pais o Marechal Guilherme Xavier de Sousa e Dona Fagundes Clarinda Xavier de Sousa.

Como não tinha filhos, o casal cuidou e educou o pequeno João. Que posteriormente adotaria o sobrenome Sousa em homenagem àqueles que o acolheram. O menino aprendeu em casa latim, grego, francês e foi aceito no Liceu Provincial de Santa Catarina onde estudou até o segundo grau.

Com a morte de seus pais adotivos João vai trabalhar como professor e começa a escrever crônicas abolicionistas e as primeiras poesias. Desse gosto pela escrita, em 1881, surge o convite para que ele ocupe o cargo de diretor no jornal Tribuna Popular. A experiência de escrever sobre temas como preconceito racial deu certo e em 1883 João foi nomeado promotor público da cidade de Laguna, porém autoridades não o aprovaram para o cargo pelo fato de ser negro.

Ainda que decepcionado pelo acontecido, Cruz e Sousa lança em 1885 seu primeiro livro Tropos e Fantasias, mas a obra não faz muito sucesso. Cinco anos depois João se muda para o Rio de Janeiro onde vai trabalhar como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil e escreve periodicamente em forma de colaboração para o jornal Folha Popular.

É na capital carioca que o poeta começa a sua vida literária de sucesso. Oito anos depois do seu primeiro livro, o autor publica Missal e Broqueis que inauguram o Simbolismo no Brasil. O movimento ainda desconhecido em terras nacionais perdura por quase três décadas.

No mesmo ano se casa com Gavita Gonçalves com quem tem quatro filhos que morrem prematuramente por tuberculose. A perda dos filhos fez com que Gavita começasse a enlouquecer em meados de 1896. Cruz e Sousa é quem cuida da esposa até o fim dos seus dias. O drama da família desfeita e a perda constante é tema recorrente da obra do poeta, para ele a morte significava a única forma de liberação dos sentidos.

Em 19 de março de 1898, na cidade de Antônio Carlos em Minas Gerais, João Cruz e Sousa vem a falecer da mesma doença que acometeu seus filhos, complicações de tuberculose levam o autor à morte. Amigos queriam que ele fosse enterrado no Rio de Janeiro, e em decorrência disso, seu corpo foi transportado de trem em um vagão destinado a cavalos.

Os restos mortais de Cruz e Sousa permaneceram no Cemitério de São Francisco Xavier até o ano de 2007 quando suas cinzas foram acolhidas pelo Museu Histórico de Santa Catarina.

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