|
||
Volta às aulas: malabarismo e aposta arriscadíssima do governo Na entrevista coletiva de 07 de agosto, o governo do estado usou de malabarismo nas palavras e datas para dar uma camuflada na principal medida anunciada: a reabertura das escolas, ainda que de forma limitada, a partir de 8 de setembro. O fato é que o governo adiou o reinício das aulas regulares presenciais para 07 de outubro porque não teve convicção e segurança suficientes para sustentar o prazo inicialmente previsto. Ainda assim, o governo fez uma aposta arriscadíssima e as escolas foram autorizadas a reabrir em setembro para aulas de reforço ou programas de acolhimento, em regiões que permanecerem na fase amarela por 28 dias, a contar de hoje. Cabe à escola decidir se vai reabrir ou não. Na cidade de São Paulo, o funcionamento em setembro, ainda que opcional, depende da decisão da Prefeitura. De concreto, a apresentação da nova estratégia do Plano São Paulo mostra, em primeiro lugar, que as condições necessárias para retomar as aulas presenciais não foram atingidas, como especialistas já vinham alertando. Afinal, se não dá pra abrir para aulas regulares, vale o mesmo para aulas de reforço. O vírus não se espalha a partir de critérios de natureza pedagógica. Há, ainda, um outro problema grave: como deixar na mão da escola uma responsabilidade que cabe às autoridades médicas e sanitárias e que deve ser assumida pelo governo? O trambolho apresentado na coletiva de hoje e as respostas evasivas às peguntas dos jornalistas revelam que a nova fase do Plano São Paulo tentou conciliar dois interesses que hoje parecem antagônicos: os critérios epidemiológicos, que não recomendam a abertura das escolas, e a pressão das instituições privadas, que querem retornar o mais cedo possível. Foi assim que ocorreu com outros setores da economia e o resultado está aí: a permanência de altas taxas de contágio que condena os brasileiros a uma quarentena interminável. Como o SinproSP tem defendido, a retomada das aulas deve ser feita com muita responsabilidade, segurança e diálogo. Afinal, preservar a vida é mais importante que qualquer outra questão. Leia também: » Participe da pesquisa sobre o trabalho docente na pandemia |
||