Reabertura inteligente
ou irresponsável?
O governador João Dória anunciou no final do mês de maio a retomada gradual das atividades econômicas no estado e chamou esse processo de "reabertura inteligente". O SinproSP, amparado pelas falas de especialistas e por estudos feitos em algumas de nossas melhores universidades, prefere classificar a dinâmica em curso de "reabertura irresponsável" - exatamente porque acontece quando as curvas oficiais de contaminações e de mortes revelam-se muito distantes de mínimo parâmetro de estabilização.
Com a chegada do "novo normal", as cenas de aglomerações na capital assustam. E fazem temer um aumento da pandemia na cidade, que poderia provocar o colapso do atendimento nos hospitais e aumentar dramaticamente o já trágico número de vítimas da pandemia.
No embalo de pressões e interesses econômicos poderosos, Dória deve anunciar, na entrevista coletiva que acontece na próxima quarta-feira, 24 de junho, o calendário de reabertura das escolas e da retomada das aulas presenciais. A prerrogativa de definir essa volta cabe mesmo ao governo.
O SinproSP, no entanto, reforça: esse retorno exige que um rigoroso protocolo de medidas de proteção à saúde, pautado por critérios científicos, seja desenvolvido com muita cautela, sensibilidade, responsabilidade e segurança, para que possa ser também cuidadosamente implementado. É inaceitável que se diga "voltem" para professoras, professores, estudantes e funcionárias e funcionários administrativos, ignorando os riscos que estão colocados.
Para além desse fundamental protocolo sanitário (máscaras, termômetros, higienização de todos os espaços), no caso específico da Educação há questões emocionais e psicológicas importantíssimas que precisam ser também observadas. Depois de um longo e difícil período de distanciamento e isolamento social, será momento de resgatar e reconstruir relações de afeto e solidariedade, acolhendo todas e todos que retornam às escolas. Não é uma tarefa simples e exigirá a participação, apoio e colaboração de profissionais de diferentes áreas do conhecimento. É preciso ainda que se defina com clareza como se dará a combinação do ensino presencial com o remoto, sem desrespeitar direitos da categoria e assegurando condições dignas de trabalho.
Atento a esse cenário, o SinproSP tem atuado nas últimas semanas para tecer essa rede de múltiplos cuidados e acolhidas, junto com os demais sindicatos que fazem parte da Fepesp e outras entidades. A entrevista do governador na próxima quarta-feira deverá trazer mais informações para que o Sindicato continue avançando nessa jornada com responsabilidade e segurança, sem atropelos, aventuras ou falsas promessas, e sempre em sintonia muito fina com as preocupações manifestadas pela categoria.
O debate sobre em que condições as aulas presenciais serão retomadas entrou definitivamente na agenda da sociedade. As professoras e os professores precisam ser ouvidos. São protagonistas desse processo e têm muito a dizer.